A Argentina e o Mercado de Grãos: Uma Medida de Impacto
A Argentina recentemente suspendeu temporariamente os impostos de exportação sobre soja, milho, trigo e derivados, visando captar dólares para fortalecer as reservas do Banco Central. Essa medida foi tomada em meio à crescente desconfiança do mercado em relação à força política do governo de Javier Milei.
Do ponto de vista financeiro, o plano foi bem-sucedido, alcançando a meta de US$ 7 bilhões em exportações em apenas 72 horas. A China, que não tem comprado soja dos Estados Unidos este ano, adquiriu pelo menos dez navios de 65 mil toneladas da Argentina durante esse período.
No entanto, a medida gerou um grande mal-estar entre o presidente e os agricultores. As chamadas “retenciones” (imposto de exportação) foram restabelecidas após o limite de US$ 7 bilhões ser atingido, deixando poucos beneficiados e muitas queixas no campo.
Impacto sobre os Agricultores
Os exportadores argentinos registraram vendas ao exterior de mais de 19,5 milhões de toneladas de grãos com o imposto zerado, segundo o jornal argentino La Nación. No entanto, como não possuem toda a mercadoria, terão que comprá-la agora, mas com o imposto de volta, o que desvaloriza o produto.
A Coninagro (Confederação Intercooperativa Agropecuária) afirmou que a medida temporária não foi suficiente para beneficiar o primeiro elo da cadeia: o produtor agrícola, que assume o maior risco. A associação também destacou que as evidências sugerem que a medida foi uma janela de oportunidade para alguns, mas não para os agricultores.
- Sete tradings concentraram 86% das exportações fechadas com imposto zerado: Louis Dreyfus, Cargill, Bunge, Cofco, Viterra e as locais Aceitera General Deheza e Molinos Agro.
- Os produtores vêm aumentando a pressão por um alívio nos impostos, que reduziram a competitividade das exportações agrícolas argentinas e, consequentemente, desestimulam o aumento da produção.
A medida deixou os agricultores argentinos com um sentimento de amargura, segundo a Coninagro. O presidente Javier Milei, que venceu as eleições com promessas de livre comércio, tem visto o seu apoio no campo diminuir.
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