Os reguladores de segurança automotiva dos EUA abriram uma investigação para apurar se as portas de alguns veículos da Tesla apresentam defeitos, citando incidentes em que as maçanetas externas pararam de funcionar e prenderam crianças dentro dos carros.
A Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário (NHTSA) anunciou na terça-feira que está iniciando uma avaliação preliminar sobre as maçanetas eletricamente acionadas da Tesla que podem ficar inoperantes devido a problemas nas baterias de baixa voltagem de certos veículos. Embora a investigação foque especificamente em cerca de 174.290 SUVs Model Y, o órgão regulador afirmou que o escopo pode ser ampliado.
“A investigação da NHTSA está focada na operabilidade das travas eletrônicas das portas pelo lado externo do veículo, pois essa é a única situação em que não há uma forma manual de abrir a porta”, disse a agência em um documento publicado em seu site. “A agência continuará monitorando quaisquer relatos de pessoas presas tentando abrir as portas pelo lado interno do veículo” e “tomará medidas adicionais conforme necessário.”
A ação ocorre poucos dias após uma investigação da Bloomberg News revelar uma série de incidentes em que pessoas ficaram feridas ou morreram por não conseguirem abrir as portas quando os Teslas perderam energia, especialmente após acidentes. Desde 2018, a NHTSA recebeu mais de 140 reclamações de consumidores relacionadas a portas de vários modelos Tesla que ficaram presas, não abriram ou apresentaram mau funcionamento, segundo a Bloomberg.
Em entrevista na semana passada, a presidente da Tesla, Robyn Denholm, evitou comentar a reportagem da Bloomberg sobre as maçanetas, limitando-se a dizer que o conselho “leva a sério” qualquer incidente de segurança. A Tesla não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a investigação da NHTSA.
A NHTSA afirmou que a investigação foi motivada por nove proprietários que relataram não conseguir abrir as portas de SUVs Model Y 2021. Nos casos mais comuns, pais não conseguiram reabrir as portas para retirar ou colocar crianças no banco traseiro.
A agência ressaltou que, embora os veículos da Tesla tenham liberação manual interna, “uma criança pode não conseguir acessar ou operar esses dispositivos mesmo que o motorista esteja ciente deles.” Em alguns casos, as pessoas tiveram que quebrar o vidro do veículo para conseguir acesso.
Investigações globais
Portas acionadas eletricamente já estão sob maior exame fora dos EUA. Na China, um regulador de alto nível estaria considerando banir maçanetas totalmente embutidas. A Europa também tem adotado medidas incrementais para melhorar protocolos de resgate e retirada pós-acidente.
Em resposta à investigação da Bloomberg publicada em 10 de setembro, a NHTSA afirmou estar ciente dos incidentes citados no artigo, bem como das reclamações sobre as portas da Tesla registradas em seu banco de dados.
Parte do problema é que os testes de colisão são projetados para medir a sobrevivência ao impacto, não a rapidez com que os ocupantes podem sair do veículo depois. Problemas de saída podem afetar especialmente pessoas com deficiência, animais de estimação, crianças pequenas ou passageiros idosos que podem não conseguir acessar a liberação manual.
A ação mais recente da NHTSA se soma a outras investigações em andamento contra a Tesla, incluindo uma sobre possíveis defeitos no sistema Full Self-Driving após múltiplos acidentes. Outra avalia a eficácia de uma atualização de software da Tesla que visa tornar o sistema de assistência ao motorista Autopilot mais seguro.
© 2025 Bloomberg L.P.
infomoney.com.br/">InfoMoney.