Os mercados devem repercutir nesta sexta-feira (12) a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de condenar por quatro votos a um, na véspera, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus no núcleo um da tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão por cinco crimes.
No Brasil, o dia começa com a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de julho, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), às 9h. Esse indicador mede a evolução do setor de serviços, um dos principais motores da economia, e ajuda a compor a visão sobre o Produto Interno Bruto (PIB).
Investidores também acompanham de perto o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil, que fechou a véspera em mais 0,56%, aos 143.150,84 pontos, batendo recorde histórico ao ultrapassar pela primeira vez os 143 mil pontos. O real também se valorizou frente ao dólar comercial, que caiu 0,27%, passando a valer R$ 5,392.
Nos Estados Unidos, às 11h, sai a leitura da confiança do consumidor de setembro, que mede o otimismo das famílias em relação à economia e influencia decisões de consumo. Mais tarde, às 13h, será divulgado o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, conhecido como Wasde (World Agricultural Supply and Demand Estimates), que traz dados sobre oferta e demanda de commodities agrícolas e pode afetar mercados globais, incluindo o câmbio e ações de empresas exportadoras.
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O que vai mexer com o mercado nesta sexta
Agenda
Na agenda do presidente Lula, há compromissos com o chefe do Gabinete Pessoal, Marco Aurélio Marcola. Na sequência, há reunião com os ministros da Educação, Camilo Santana, da Saúde, Alexandre Padilha e com o presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro.
A agenda do ministro Fernando Haddad não foi divulgada para esta sexta-feira. Os integrantes do Copom seguem em período de silêncio que antecede a reunião para definição da nova taxa Selic, que acontecerá na terça e quarta da semana que vem.
Brasil
- 9h – Serviços (julho)
EUA
- 11h – Confiança do consumidor (setembro)
- 13h – Relatório Wasde
INTERNACIONAL
Surpreso
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quinta (11) ter se surpreendido com a condenação de Jair Bolsonaro pelo STF por tentativa de golpe. O ex-presidente americano comparou o caso ao que enfrentou nos EUA, mas não comentou sobre possíveis sanções ao Brasil. Trump elogiou Bolsonaro como líder e afirmou que o considerava um bom presidente.
Recorde
Sob Trump, ouro bate recorde não visto desde a recessão de 1980, atingindo US$ 3.674 por onça. A valorização reflete temores sobre a economia americana, instabilidade do dólar e demanda por proteção contra inflação e riscos geopolíticos. Especialistas ouvidos pelo Bloomberg apontam que, apesar do preço elevado, o metal segue atraente frente à volatilidade das ações e possíveis cortes de juros nos EUA.
Caro
Os preços do café nos EUA dispararam 20,9% nos oito primeiros meses deste ano por causa das tarifas elevadas de Trump sobre importações, especialmente do Brasil e Vietnã. Muitas empresas inicialmente absorveram os custos, mas agora repassam o aumento aos consumidores. O resultado aparece no dia a dia, com xícaras de café subindo significativamente, segundo apuração do The New York Times.
Operação militar
A Venezuela iniciou uma operação militar de “resistência” em resposta à presença de tropas e navios dos EUA no Caribe. Nicolás Maduro mobilizou frentes de batalha pelo país, incluindo petróleo, aeroportos e fronteiras, sem detalhar o número de tropas. A ação ocorre após a destruição de uma lancha americana que matou onze pessoas, e tensões aumentam entre Caracas e Washington.
ECONOMIA
Após reclamações
O governo Lula rebateu reclamações de empresas americanas sobre barreiras comerciais no Brasil, enviando documento ao USTR. O texto defende negociações bilaterais, especialmente sobre etanol, e classifica ações unilaterais como prematuras e contraproducentes. O Brasil afirma que medidas comerciais americanas ignorariam o comércio mútuo e a cooperação já existente entre os dois países.
Emprego
O Ministério da Fazenda projeta que o tarifaço de Trump pode levar à perda de até 65 mil empregos no Brasil até dezembro de 2026, principalmente na indústria. Sem as medidas do governo, a estimativa chegaria a 138 mil postos, mas o plano “Brasil Soberano” deve reduzir os efeitos. O impacto sobre o PIB será pequeno, cerca de 0,1 ponto percentual, sem pressionar a inflação, graças às políticas de socorro e diversificação exportadora.
Revisão
O Ministério da Fazenda revisou a projeção de crescimento do PIB para 2025 de 2,5% para 2,3%, diante da desaceleração econômica e do impacto do alta da Selic. A inflação também foi ajustada levemente para baixo, para 4,8%, ainda acima do teto da meta do Banco Central. Tarifas dos EUA e queda na produção e vendas pressionam o crescimento, mas medidas do Plano Brasil Soberano ajudam a reduzir impactos sobre emprego e PIB.
Regras
Economistas consultados pelo Ministério da Fazenda ajustaram o déficit primário previsto para este ano, agora em R$ 69,99 bilhões, e projetam piora em 2026, com R$ 81,83 bilhões. Apesar disso, a expectativa para a dívida bruta do governo é levemente mais favorável: 79,74% do PIB em 2025 e 83,80% em 2026. As metas oficiais são déficit zero em 2025 e superávit de 0,25% do PIB em 2026.
Bloqueio
O Banco Central passou a exigir que instituições financeiras bloqueiem pagamentos para contas suspeitas de fraude, medida válida imediatamente. A norma abrange todos os instrumentos de pagamento e exige adequação dos sistemas até 13 de outubro. Além disso, prevê comunicação ao titular da conta e limite de R$ 15 mil para TED e Pix de prestadores não autorizados.
POLÍTICA
STF condena Jair Bolsonaro
A Primeira Turma do STF continuou, na quinta-feira, o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022 e 2023. Os ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, do STF, votou pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro em todas acusações relacionadas à chamada trama golpista.
Sem perdão, indulto ou anistia
O ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou na quinta-feira (11), durante julgamento da tentativa de golpe de Estado, que não é possível conceder anistia, indulto ou perdão judicial a quem comete crimes contra a democracia. A declaração surge enquanto aliados de Jair Bolsonaro (PL) tentam articular no Congresso Nacional uma anistia ampla para livrar o ex-presidente da prisão após sua condenação pela tentativa de golpe de Estado. Moraes disse que crimes que atentam contra o Estado Democrático de Direito e cláusulas pétreas da Constituição não podem ser perdoados, mesmo em propostas discutidas por deputados bolsonaristas e parte do Centrão.
Repercussão
A condenação de Jair Bolsonaro pelo STF ganhou repercussão internacional. Veículos como El País, The New York Times e The Guardian destacaram a gravidade do assunto tratado no julgamento e a possibilidade de prisão por décadas. Na América Latina, La Nación e Clarín ressaltaram a decisão histórica e a impossibilidade de anistia.
Comemoração
Petistas, aliados e não simpatizantes de Bolsonaro celebraram a condenação do ex-presidente, destacando a defesa da democracia e da soberania nacional. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), considerou histórica a quinta-feira (11), quando a Primeira Turma do STF formou maioria para condenar Jair Bolsonaro.
Ele relacionou a condenação aos crimes da ditadura militar, lembrando 434 mortos e 1.918 pessoas torturadas. Para Farias, o julgamento enfraquece a tentativa da oposição de aprovar anistia ao ex-presidente, que, segundo ele, deve ser definitivamente descartada.
“Suprema perseguição”
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou o julgamento de Jair Bolsonaro como “suprema perseguição” e questionou a atuação do relator Alexandre de Moraes, enquanto a oposição na Câmara divulgou nota chamando o processo de político e defendeu anistia aos condenados em 8 de janeiro. Nas redes sociais, bolsonaristas reforçaram narrativas de perseguição, e parlamentares indicam que a condenação fortalecerá esforços por anistia no Congresso.
Aprovação
A aprovação do governo Lula subiu para 33%, próxima da reprovação de 38%, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 8 e 9 de setembro com 2.005 pessoas em 113 cidades. Os índices melhoraram após queda no início do ano, com Lula mais bem avaliado entre nordestinos, menos escolarizados, faixa de 45 a 59 anos e renda mais baixa, enquanto sulistas, evangélicos, mais ricos e com ensino superior desaprovam mais. Entre os evangélicos, grupo tradicionalmente bolsonarista, a aprovação do petista subiu de 18% para 27%, mesmo com desaprovação ainda alta.
CPMI do INSS
A CPMI do INSS aprovou nesta quinta-feira (11) quebras de sigilo bancário, telemático e relatórios do Coaf de Alessandro Stefanutto, ex-presidente da instituição, e de mais de cem pessoas e entidades ligadas ao esquema de descontos irregulares de aposentados. Ex-ministros da Previdência, Carlos Lupi e José Carlos Oliveira (Ahmed Mohamed), não tiveram sigilos quebrados após acordo. Também foram incluídos pedidos contra sindicatos e familiares de envolvidos, como o Sindnapi e Yasmin Ahmed Hatheyer Oliveira.
(Com Reuters, Estadão, O Globo e Agência Brasil)
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