Não só está mais caro enviar encomendas para os Estados Unidos, como nem sempre é possível. Quem tenta despachar até mesmo um presente para um parente que mora no país pelos Correios tem enfrentado dificuldades. Desde o fim de agosto, a estatal suspendeu temporariamente todos os envios de mercadorias, amostras e presentes destinados aos EUA e a Porto Rico, independentemente da operação, do valor e se são realizados por pessoas físicas ou jurídicas.
A medida foi adotada após o governo de Donald Trump suspender, a partir de 29 de agosto, a isenção de tarifas que pequenos pacotes postais com valor igual ou inferior a US$ 800 desfrutavam até então. A suspensão das chamadas “minimis” nos EUA é uma decisão semelhante à conhecida como “taxa da blusinha” no Brasil.
Inicialmente, os Estados Unidos miravam a China e Hong Kong, em uma ofensiva contra empresas como Shein e Temu, mas a medida foi estendida a todos os países para garantir sua eficácia. Com a mudança, todas as transações entre pessoas físicas passaram a ser tributadas quando o valor excede US$ 100.
Segundo os Correios, quando a remessa é enviada por pessoa jurídica, os tributos são aplicáveis independentemente do valor, conforme as novas regras norte-americanas. Além do fim da isenção, os EUA passaram a aceitar remessas internacionais somente mediante o recolhimento antecipado dos tributos pelo exportador, no momento da postagem.
De acordo com os Correios, a suspensão foi adotada por outros 80 operadores postais ao redor do mundo, diante de “uma mudança abrupta na regulamentação tributária norte-americana”.
“Até mesmo operadores dos próprios Estados Unidos enfrentam dificuldades para implementar integralmente esse novo modelo. Diante da impossibilidade de adequar fluxos, processos e sistemas em prazo tão curto, foi necessário suspender temporariamente as postagens de encomendas — medida também adotada por diversos operadores postais internacionais”, afirmou a estatal em nota enviada ao GLOBO.
Brasileiros sentem impacto
Os efeitos da suspensão dos envios dos Correios para os EUA já são sentidos por quem tem familiares ou amigos no país. Gilmar Rocha, usuário do X, relatou não ter conseguido enviar uma caixa pequena para um parente:
“Fui despachar uma caixa pequena para um parente nos EUA pelos Correios e não consegui. Está fechado o sistema para enviar qualquer mercadoria para lá.”
Ana Albuquerque Taveira contou no Facebook que não conseguiu enviar o presente de aniversário da neta que vive nos Estados Unidos:
“Hoje no Correio não aceitaram envio de encomenda para o aniversário da minha neta que vive nos Estados Unidos.”
Retomada no menor prazo possível
Segundo a estatal, todas as companhias aéreas com as quais mantém vínculo recusaram-se a transportar qualquer tipo de mercadoria para os EUA, inclusive documentos, que atualmente são enviados apenas por uma única empresa aérea.
No comunicado publicado pelos Correios em 28 de agosto, foi informado que o “envio de documentos, por pessoas físicas e jurídicas, permanece disponível por meio dos serviços Documento Internacional Expresso e Documento Internacional Standard”.
Os Correios afirmam que estão empenhados em retomar as postagens no menor prazo possível:
“A estatal está em contato com os poucos operadores credenciados junto à aduana americana, bem como com a União Postal Universal (UPU), órgão das Nações Unidas responsável por promover a organização e o aperfeiçoamento dos serviços postais em nível global. A UPU está empenhada em buscar soluções que atendam às exigências do governo dos EUA e viabilizem a retomada das postagens no menor prazo possível”, disse a estatal em nota.
Empresas de logística internacional seguem operando
Apesar da suspensão temporária dos Correios, várias empresas de logística internacional já estão adaptadas às mudanças implementadas pelo governo americano. A FedEx, por exemplo, divulgou em seu site um comunicado sobre o fim da isenção de “minimis”, destacando que continua enviando e transportando remessas para os Estados Unidos. Em nota, a empresa reafirmou que suas operações seguem normalmente para o país.
“A FedEx continua aceitando e transportando remessas com destino aos Estados Unidos. Como empresa de transporte expresso, nossas soluções internacionais não são impactadas por decisões de operadores postais. Nossa prioridade é apoiar nossos clientes e ajudá-los a se orientar diante das mudanças que entraram em vigor para remessas destinadas aos Estados Unidos em 29 de agosto”, afirmou a empresa.
A DHL também informou que suas operações seguem normalmente para os Estados Unidos, ressaltando seu compromisso em atender tanto pessoas físicas quanto jurídicas.
“A DHL Express informa que segue com suas operações para os Estados Unidos e Porto Rico normalmente e reforça que orienta constantemente seus clientes sobre o processo de desembaraço no destino, oferecendo suporte em todas as etapas da jornada”, disse a empresa em nota enviada ao EXTRA.
A UPS destacou que oferece diversas soluções para auxiliar quem precisa enviar mercadorias aos Estados Unidos.
“Também disponibilizamos diversas soluções de encomendas de pequeno porte, consolidação de cargas, armazenagem e corretagem aduaneira para reduzir atrasos e auxiliar nossos clientes a exportar de forma compatível com as normas para os Estados Unidos”, informou a empresa em nota.
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