Quem é José Antonio Kast, o presidente eleito no Chile mais à direita desde Pinochet
A vitória de José Antonio Kast na eleição presidencial chilena marca uma nova mudança no pêndulo político do país. Com 59 anos, o líder ultraconservador venceu a eleição com 58% dos votos, conduzindo o Chile ao movimento mais nítido à direita desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.
Kast chega ao poder em um Chile diferente daquele que o rejeitou em 2021, quando perdeu para Gabriel Boric em meio à pandemia, aos protestos contra a desigualdade e às expectativas de uma nova Constituição. Quatro anos depois, o humor do eleitorado mudou, e segurança pública e imigração se tornaram as principais preocupações, abrindo espaço para um discurso duro que antes parecia deslocado.
Perfil e trajetória
Filho de um imigrante alemão que foi membro do Partido Nazista e serviu como oficial do Exército, Kast afirma que o pai foi recrutado à força antes de fugir para a América do Sul, onde construiu um negócio bem-sucedido no setor alimentício. Seu irmão mais velho, Miguel Kast, foi ministro e presidente do Banco Central durante a ditadura de Pinochet e integrou o grupo dos “Chicago Boys”, responsáveis por implementar as reformas de choque liberal no país.
Como deputado pela União Democrata Independente, partido da direita tradicional, Kast construiu uma carreira de mais de uma década antes de sair para fundar o Partido Republicano e se lançar como outsider conservador. Ele é descrito como mais reservado, institucional e experiente, alguém visto por parte do eleitorado como uma figura conhecida em um momento de rejeição ao governo Boric e de esvaziamento do centro político.
Plataforma e propostas
Inspirado por Donald Trump e Nayib Bukele, Kast tem como plataforma central o combate ao crime e à imigração irregular. Ele defende a construção de muros e barreiras físicas na fronteira, o aumento da presença militar no norte do país e a criação de uma força policial especializada para localizar e deportar imigrantes sem documentos, majoritariamente venezuelanos.
No campo econômico, Kast promete um receituário liberal clássico, defendendo flexibilização das leis trabalhistas, corte de impostos das empresas, redução de regulações e um ajuste fiscal agressivo, com a promessa de cortar US$ 6 bilhões em gastos públicos em até 18 meses.
- Construção de muros e barreiras físicas na fronteira
- Aumento da presença militar no norte do país
- Criação de uma força policial especializada para localizar e deportar imigrantes sem documentos
- Flexibilização das leis trabalhistas
- Corte de impostos das empresas
- Redução de regulações
- Ajuste fiscal agressivo
Para analistas do Bradesco BBI, a vitória de Kast “gera um choque positivo nas expectativas de curto prazo para a economia real e o ritmo da atividade econômica”. No cenário base do banco, a bolsa chilena tem espaço para uma valorização de aproximadamente 21% em dólares.
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