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Produção industrial, Livro Bege e emprego nos EUA: os destaques desta quarta-feira

Um aumento nas exportações está ajudando a impulsionar o crescimento da China, mas prejudica a lucratividade de indústrias-chave e provoca uma reação negativa de parceiros comerciais (Qilai Shen/The New York Times)

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, acusados de planejar um golpe de Estado, entra no segundo dia na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (3). O grupo inclui ex-ministros, ex-comandantes militares e ex-chefes de órgãos de inteligência e segurança. Hoje, o julgamento será retomado com a defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI. Depois, será a vez dos advogados de Jair Bolsonaro, do general Paulo Sérgio Figueiredo, ex-ministro da Defesa, e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.

Na agenda econômica, após o PIB do Brasil crescer 0,4% no 2º trimestre, acima do esperado, com serviço e consumo, será divulgado às 9h o índice de produção industrial referente a julho, que mede a variação da atividade das fábricas no país e ajuda a entender tendências de crescimento e produtividade. Uma hora depois, às 10h, sai o índice de gerentes de compras do setor de serviços de agosto, indicador que acompanha a atividade de serviços e a confiança dos gestores do setor.

No mesmo horário, a diretoria do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realiza reunião com pauta que inclui a análise da fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol. Às 14h30, o Banco Central divulga o fluxo cambial semanal, mostrando entradas e saídas de dólares no país e fornecendo informações sobre oferta e demanda da moeda estrangeira.

Em Brasília, a Comissão Mista de Orçamento deve votar hoje a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026, que define metas fiscais e prioridades do governo. Também na Câmara, às 9h, ocorre uma comissão geral para debater a proposta de reforma administrativa, com parlamentares discutindo mudanças na estrutura do Estado e na carreira de servidores.

Enquanto isso, em Washington, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) conduz uma missão empresarial para negociar as tarifas de 50% aplicadas pelo governo de Donald Trump ao Brasil, com a presença de representantes de mais de 15 entidades e do diplomata Roberto Azevêdo. A comitiva participa de audiências públicas do Escritório do Representante de Comércio dos EUA sobre a investigação comercial do país.

Nos Estados Unidos, às 11h, serão divulgadas as encomendas à indústria de julho, que indicam investimentos e demanda por bens duráveis no país. No mesmo horário, sai o relatório Jolts (Job Openings and Labor Turnover Survey), levantamento do Departamento de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics, BLS) que mostra vagas de emprego, contratações e desligamentos. O relatório de emprego (payroll) de julho já havia apontado fragilidades, e mais evidências de estresse podem levar o Federal Reserve (Fed) a cortar juros de forma mais agressiva na reunião de setembro. Já o payroll de agosto será divulgado na sexta-feira.

Às 15h, o Fed publica o Livro Bege, relatório qualitativo que reúne informações sobre a situação econômica em diferentes regiões do país. O dia fecha com a divulgação, às 17h30, dos estoques semanais de petróleo pelo American Petroleum Institute (API), indicador que acompanha a oferta e demanda de combustíveis no mercado americano.

Na China, o presidente Xi Jinping comandou um desfile militar para marcar os 80 anos da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. O evento contou com a presença de 26 líderes mundiais, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.

O que vai mexer com o mercado nesta quarta

Agenda

O presidente Lula terá compromissos no Palácio do Planalto ao longo desta quarta-feira. Às 9h, recebe o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e o secretário de Imprensa da mesma pasta, Laércio Portela. Às 10h, encontra-se com o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Marco Aurélio Marcola, e o chefe do Gabinete Adjunto de Agenda do Gabinete Pessoal, Oswaldo Malatesta. Às 14h40, terá reunião com o secretário Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcelo Weick. Às 15h30, recebe o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Por fim, às 17h, encontra-se com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.

Brasil

  • 09h – Produção industrial (julho)
  • 10h – PMI de serviços (agosto)                   –
  • 14h30 – Fluxo cambial (semanal) 

EUA

  • 11h – Encomendas à indústria (julho)
  • 11h – Relatório Jolts (julho)
  • 15h30 – Discurso de Kashkari, membro do Fomc
  • 15h – Livro Bege
  • 17h30 – Estoques de petróleo (API) semanal     

INTERNACIONAL

Crítica

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Brasil, China e Índia prejudicam o país com tarifas elevadas e defendeu a manutenção das sobretaxas para proteger acordos comerciais. Em sua crítica, ele alertou para um possível desastre econômico caso a Suprema Corte confirme a ilegalidade das tarifas. Trump também comentou que o mercado acionário cai devido à incerteza sobre a decisão judicial, enquanto rendimentos soberanos sobem globalmente.

Investigação

A ministra de Segurança Nacional da Argentina, Patricia Bullrich, pediu à Justiça a investigação de jornalistas que divulgaram áudios envolvendo Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei, e tentou negar o pedido em entrevista ao ser desmentida ao vivo. O governo afirma que os áudios são falsos e parte de uma operação para desestabilizar o país, enquanto a Justiça proibiu sua divulgação para proteger a privacidade de Karina Milei. Javier Milei rejeitou as acusações e disse que levará o caso à Justiça.

ECONOMIA

Leve viés de baixa

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda informou que a projeção oficial para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025, de alta de 2,5%, agora apresenta “leve viés de baixa” após os dados do segundo trimestre. O PIB do Brasil cresceu 0,4% no período, resultado ligeiramente acima do esperado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a desaceleração foi maior do que o previsto em julho.

INSS

A Controladoria-Geral da União (CGU) informou que abriu processos administrativos contra 40 entidades, incluindo empresas e associações, por fraudes em descontos indevidos do INSS. Entre as instituições investigadas estão o Sindnapi e a Contag, que teriam aplicado descontos sem autorização dos beneficiários. A ação ocorre uma semana após o início da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS e também atinge empresas de tecnologia que teriam criado fichas de filiação fraudulentas.

Planos de saúde

As operadoras de planos de saúde médico-hospitalares no Brasil registraram lucro líquido de R$ 5,5 bilhões no segundo trimestre deste ano, mais que o dobro do mesmo período de 2024. O resultado é o maior para o intervalo de abril a junho desde 2020, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Considerando planos médico-hospitalares, odontológicos e administradoras de benefícios, o lucro total chegou a R$ 5,8 bilhões, aumento de 164% em relação ao ano anterior.

POLÍTICA

Regras de inelegibilidade

O Senado aprovou nesta terça-feira projeto de lei complementar (PLP) que altera regras de inelegibilidade, unificando o período de inelegibilidade em 8 anos e antecipando o início da contagem desse prazo. O projeto, que segue para sanção presidencial, foi aprovado por 50 votos a 24 e dividiu opiniões.

Primeiro dia

O STF iniciou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de integrar uma organização criminosa que teria tentado dar um golpe de Estado após as eleições de 2022.

  • O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus começou às 9h de terça-feira (2) na 1ª Turma do STF, com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes.
  • Moraes destacou a força da democracia brasileira e afirmou que o Estado Democrático de Direito não significa ausência de conflitos.
  • O ministro reforçou que o STF não aceitará coação de Estado estrangeiro ou tentativa de obstrução do processo, mencionando a independência das instituições.
  • Paulo Gonet, procurador-geral da República, iniciou seu parecer defendendo a punição das tentativas de golpe de Estado, citando provas como manuscritos, mensagens e gravações.
  • Gonet afirmou que o processo criminoso estava em curso quando o presidente e o ministro da Defesa convocaram a cúpula militar para apresentar um documento de golpe.
  • Na parte da tarde, iniciaram as sustentações das defesas, começando pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do processo.
  • A defesa de Cid argumentou que ele não foi coagido e que não há provas de participação na tentativa de golpe, defendendo a validade do acordo de delação.
  • Durante o julgamento, a ministra Cármen Lúcia fez uma intervenção ao comentar o debate sobre voto impresso e auditável. Ela reafirmou que o processo eleitoral brasileiro já é auditável e que não há necessidade de mudanças para garantir a segurança das urnas.
  • O advogado de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, negou envolvimento do cliente e questionou o uso de anotações como provas, afirmando que ele já não estava no governo durante o suposto núcleo da trama.
  • Demóstenes Torres, advogado do almirante Almir Garnier, pediu a rescisão da delação de Cid e defendeu individualização das provas para cada réu, sem apresentar novas evidências.
  • A defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, alegou que ele estava nos EUA no dia 8 de janeiro e classificou a “minuta do golpe” como documento sem importância. O julgamento terminou antes das 18h.

Repercussão

O julgamento de Jair Bolsonaro e dos sete réus atraiu ampla cobertura da imprensa internacional. Veículos como The New York Times, El País, The Guardian e Le Monde destacaram o caráter histórico do processo e a primeira vez que ex-presidentes e militares enfrentam a Justiça por crimes dessa gravidade. A mídia internacional também abordou a pressão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e as medidas de segurança reforçadas em Brasília. O caso é visto como um teste à democracia brasileira, com possíveis penas que podem chegar a 40 anos de prisão.

Não participará

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não participará do segundo dia de julgamento no STF devido a problemas de saúde, incluindo vômitos e crises de soluços por esofagite e gastrite, segundo sua defesa. Amanhã serão ouvidas as sustentações de Bolsonaro e do general Augusto Heleno, que não falaram no primeiro dia. Presencialmente, Bolsonaro precisaria de autorização de Alexandre de Moraes e acompanhamento policial, podendo tentar comparecer em sessões futuras até 12 de setembro.

O direito do opositor

O presidente Lula defendeu o direito à presunção de inocência de Bolsonaro, seu opositor político, e dos demais réus, comparando o caso à sua própria experiência na Lava Jato. Ele não acompanhou o julgamento em tempo real, mantendo compromissos em São Paulo, incluindo o velório do jornalista Mino Carta. Lula disse que todos devem ter igualdade de tratamento perante a Justiça e oportunidade de se defender.

Anistia

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), não pautará a votação da anistia nesta semana. Ele disse que a pauta será tranquila, apesar de pressão do PL. Farias apontou, no entanto, a movimentação de partidos do centrão a favor do perdão a réus ligados à tentativa de golpe.

Impeachment de Moraes

O senador Davi Alcolumbre (União-AP) afirmou que não há prazo para a Advocacia-Geral do Senado analisar pedidos de impeachment de ministros do STF. Ele respondeu ao questionamento de Eduardo Girão (Novo-CE) sobre os pedidos contra Alexandre de Moraes. Girão anunciou que a oposição apresentará um aditamento aos pedidos existentes, baseado em declarações de Eduardo Tagliaferro.

Acusação sem provas

Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no TSE, acusou, sem provas, o ministro de fraude processual ao investigar empresários bolsonaristas em 2022. Ele afirmou que Moraes teria vazado mensagens privadas à imprensa e usado a reportagem como base para buscas e apreensões.

De saída

O União Brasil e o PP, agora federados sob o nome União Progressista, anunciaram na terça-feira (2) a saída imediata do governo Lula, exigindo que seus filiados deixem cargos federais. A medida pressiona ministros das duas siglas, que resistem em entregar pastas como Turismo, Esporte e Comunicações. A movimentação ocorre em meio a críticas a Lula e conversas com o PL de Valdemar Costa Neto para articulações de 2026.

Permissão para demitir

O PP e partidos do centrão articulam na Câmara um projeto que permite ao Congresso demitir diretores e o presidente do Banco Central, segundo informações da Folha de S.Paulo. A ofensiva ocorre em meio à análise da compra do Banco Master pelo BRB, operação sob forte desconfiança do mercado. A proposta já tem apoio de MDB, União, PL, PSB e Republicanos, reunindo maioria para avançar.

(Com Reuters, Agência Brasil, O Globo e Estadão)

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