Petrobras teve grande apetite ou cautela? A visão do mercado sobre leilão do pré-sal
A Petrobras e a Shell garantiram os direitos de produção da União para áreas não contratadas nos reservatórios compartilhados de Mero e Atapu, localizados na região do pré-sal da Bacia de Santos. O leilão foi conduzido pela Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) e resultou em uma elevação da participação da Petrobras na jazida compartilhada de Mero de 38,60% para 41,40%.
Os lances em parceria com a Shell totalizaram R$ 8,8 bilhões, com a Petrobras desembolsando R$ 6,97 bilhões. Os analistas do Bradesco BBI consideram que a participação da Petrobras neste leilão já era esperada pelo mercado, mas talvez os resultados tenham demonstrado um apetite da empresa ligeiramente maior do que o previsto.
- Consórcio vencedor em Mero: Petrobras (80%), Shell (20%)
- Lance: R$ 7,79 bilhões (prêmio de 1,9%)
- Preço mínimo: R$ 7,64 bilhões
- Consórcio vencedor em Atapu: Petrobras (73,24%), Shell (26,76%)
- Lance: R$ 1 bilhão (prêmio de 16%)
- Preço mínimo: R$ 863 milhões
O aumento de produção decorrente dessa aquisição deve ser de cerca de 16-18 mil barris por dia. A Taxa Interna de Retorno (TIR) real desalavancada desta aquisição é estimada em cerca de 15%, o que é menor do que um projeto típico do pré-sal. No entanto, o risco marginal desta aquisição também é menor, visto que esses campos já estão em produção.
Os analistas do JPMorgan veem com bons olhos a aquisição dos ativos pela Petrobras, com um pequeno ágio em relação ao lance mínimo e a participação da Shell como parceira. O Goldman Sachs ressalta que a estatal brasileira já opera diversas unidades de produção nesses campos e considera que a notícia não deve ser uma surpresa para os investidores.
A assinatura do contrato está prevista para 4 de março de 2026, e o comprador da participação da União se juntará formalmente ao consórcio operacional a partir de 1º de março de 2027. Além da oferta inicial, o consórcio vencedor também estará sujeito a pagamentos contingentes extraordinários (earn-outs) à União sempre que o preço médio anual do Brent ultrapassar US$ 55/barril.
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Nesta quinta-feira (4), a Petrobras (PETR3;PETR4) e a Shell garantiram os direitos de produção da União para áreas não contratadas nos reservatórios compartilhados de Mero e Atapu, localizados na região do pré-sal da Bacia de Santos. O leilão foi conduzido pela Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA).
Com o lance realizado no certame, a Petrobras elevou sua participação na jazida compartilhada de Mero de 38,60% para 41,40%, após arrematar junto com a Shell uma fatia da área que pertencia à União em um leilão inédito realizado pela Pré-Sal Petróleo (PPSA), devendo desembolsar R$ 6,97 bilhões. Os lances em parceria com a Shell totalizaram R$ 8,8 bilhões.
Confira abaixo os lances:
Mero
- Consórcio vencedor: Petrobras (80%), Shell (20%).
- Lance: R$ 7,79 bilhões (prêmio de 1,9%).
- Preço mínimo: R$ 7,64 bilhões.
- Sem concorrência.
Atapu
- Consórcio vencedor: Petrobras (73,24%), Shell (26,76%).
- Lance: R$ 1 bilhão (prêmio de 16%).
- Preço mínimo: R$ 863 milhões.
- Sem concorrência.
Tupi
- Sem lances apresentados.
- Preço mínimo: R$ 1,69 bilhão.
Na visão dos analistas do Bradesco BBI, a participação da Petrobras neste leilão já era esperada pelo mercado, mas talvez os resultados tenham demonstrado um apetite da empresa ligeiramente maior do que o previsto, visto que ela aumenta marginalmente sua participação em Mero e Atapu com um desembolso de aproximadamente US$ 1,3 bilhão (a BBI esperava que a empresa desembolsasse no máximo US$ 1 bilhão para este leilão como um todo).
O aumento de produção decorrente dessa aquisição deve ser de cerca de 16-18 mil barris por dia. “Também vemos a TIR [Taxa Interna de Retorno] real desalavancada desta aquisição (assumindo que não haja despesas de capital marginais) na faixa de 15%, o que é menor do que um projeto típico do pré-sal. No entanto, o risco marginal desta aquisição também é menor, visto que esses campos já estão em produção”, avalia o banco.
Em termos de dividendos, espera-se que a Petrobras anuncie valores menores no 4º trimestre de 2025 (a serem pagos no 2º trimestre de 2026) como resultado desta aquisição. O BBI espera que o dividendo trimestral caia para US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão, em comparação com o pagamento de US$ 2,3 bilhões no 3º trimestre de 2025.
“Esperamos ainda que a empresa anuncie outras aquisições em 2026, como o potencial investimento em uma empresa de etanol de milho, o que também reduzirá os dividendos nos próximos trimestres”, aponta o banco.
O JPMorgan vê com bons olhos a aquisição dos ativos pela Petrobras com um pequeno ágio em relação ao lance mínimo e a participação da Shell como parceira. O resultado ficou em grande parte em linha com as expectativas: o consórcio garantiu os ativos por um valor apenas 3,3% acima do lance mínimo exigido.
“Em consonância com o que destacamos, vemos com bons olhos tanto o pequeno ágio pago quanto a presença da Shell como parceira, reforçando uma alocação de baixo risco em ativos onde a Petrobras já opera e possui pleno conhecimento do reservatório. Também consideramos a decisão de não participar do leilão de Tupi um sinal positivo de disciplina de capital”, avalia o banco.
A assinatura do contrato está prevista para 4 de março de 2026, e o comprador da participação da União se juntará formalmente ao consórcio operacional a partir de 1º de março de 2027. Além da oferta inicial, o consórcio vencedor também estará sujeito a pagamentos contingentes extraordinários (earn-outs) à União sempre que o preço médio anual do Brent ultrapassar US$ 55/barril.
O Goldman Sachs ressalta que a estatal brasileira já opera diversas unidades de produção nesses campos e, com base em sua recente conversa com investidores, era amplamente vista no mercado como uma das potenciais vencedoras do leilão de hoje.
“Assim, acreditamos que a notícia de hoje não deve ser uma surpresa para os investidores. Caso a Petrobras não realize nenhuma fusão ou aquisição adicional este ano, poderá haver um risco de queda de aproximadamente US$ 500 milhões em nossa previsão de capex [investimentos em capital] e, consequentemente, um risco de alta de cerca de US$ 220 milhões em nossa previsão de dividendos para o 4º trimestre”, aponta.
O Goldman Sachs mantém recomendação de compra para a Petrobras, que considera uma opção razoável, oferecendo um sólido desempenho operacional (rendimento de dividendos estimado para 2026 de 9%, com base na política de remuneração ordinária dos acionistas da Petrobras), mas reconhece o risco de queda nos preços do petróleo no curto prazo.
O Bradesco BBI tem recomendação equivalente à compra, com preço-alvo de R$ 40 para PETR4, de olho em eleições, tendo recomendação equivalente do JPMorgan.
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