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Mercado brasileiro evolui com liquidez, ciclos políticos e impacto global

Sergio Cordoni, da V8 Capital, participou do Stock Pickers.

O mercado financeiro brasileiro passou por transformações profundas nas últimas décadas, tornando-se mais líquido, digitalizado e diversificado em opções de estratégias e instrumentos. Para o gestor Sergio Cordoni, da V8, a maior mudança foi a expansão da renda fixa, que se tornou gigantesca nos últimos 15 anos, enquanto a renda variável perdeu protagonismo. Ainda assim, ele lembra que até hoje muitos investidores não compreendem que a renda fixa pode ter volatilidade.

Cordoni destacou que, ao chegar na V8 em plena pandemia, encontrou uma gestora tradicionalmente voltada à preservação de capital e produtos de baixa volatilidade. Nesse contexto, ajudou a desenvolver a frente de renda variável, com um modelo proprietário de fatores aplicado em estratégias como o long short. O fundo criado se apoia em títulos públicos, opera com posições equilibradas e já acumula histórico consistente, com retorno anualizado de CDI mais 4,80% em quase três anos.

Impacto dos fundos quantitativos internacionais

O gestor também lembrou o impacto dos fundos quantitativos internacionais, os chamados CTAs, que passaram a operar com intensidade no Brasil após mudanças geopolíticas, como a exclusão da Rússia do sistema SWIFT em 2018 e restrições à China. O país acabou ganhando peso nos índices emergentes, atraindo grandes volumes de capital estrangeiro. Segundo Cordoni, esse dinheiro rápido e de alta intensidade mudou o comportamento do mercado, exigindo adaptação das casas locais.

Esse movimento coincidiu com uma deterioração dos fundos de longo prazo no Brasil, pressionados por resgates e pela impaciência de investidores diante dos juros altos. O resultado foi um mercado mais curto-prazista e vulnerável à entrada de recursos internacionais, capazes de ditar o ritmo dos pregões. “Remar contra o fluxo virou um risco enorme”, disse Cordoni, lembrando que muitos gestores locais foram penalizados ao tentar se posicionar contra essa força.

Momentos históricos do mercado

O entrevistado também revisitou momentos históricos do mercado, como a quebra da Bolsa do Rio, a criação dos circuit breakers, os efeitos do 11 de Setembro, o Plano Real e o superciclo de commodities nos anos 2000. Em sua visão, o maior bull market recente ocorreu na transição da gestão Dilma Rousseff para Michel Temer, quando medidas fiscais e a queda dos juros criaram um ciclo de valorização quase generalizada dos ativos.

Cordoni observou que hoje várias empresas negociam volumes muito baixos em bolsa, apesar de não terem mudado de tamanho. Para ele, isso abre espaço para um novo ciclo de valorização, especialmente se houver uma transição política.

“A exposição institucional e da pessoa física está muito baixa. Quando o fluxo voltar, a pancada será forte e duradoura”

— Sergio Cordoni

Mercado vive de ciclos

O gestor concluiu que a trajetória do mercado brasileiro é marcada por ciclos de bonança e crises, muitas vezes impulsionados por fatores externos ou políticos internos. Nesse ambiente, liquidez e disciplina de estratégia se tornam diferenciais.

“O Brasil já viveu momentos de alta intensa, e se houver uma nova transição política, o potencial é de repetir um dos maiores bull markets da história”

— Sergio Cordoni

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