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Incerteza com bancos em meio à Lei Magnitsky? JPMorgan vê algumas oportunidades

Não somente as ações dos bancos brasileiros, mas também os seus títulos de dívida, têm apresentado desempenho inferior recentemente, refletindo as tensões entre o Brasil e os EUA.

Com isso, em relatório, o JPMorgan destacou o que esperar para os ativos. Natalia Corfield, analista do banco, aponta que o começo dos temores sobre as relações entre os países se deu no início de julho com a imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações do Brasil para os EUA (posteriormente havendo uma lista de exceções), seguida pela aplicação da Lei Magnitsky ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Além disso, em 19 de agosto, o temor sobre os bancos escalou após Flávio Dino decidir que as leis estrangeiras, incluindo sanções dos EUA, não se aplicam automaticamente no Brasil, a menos que sejam explicitamente sancionadas por meio de processos legais domésticos.

Essa decisão introduziu incerteza jurídica, já que os bancos podem sofrer sanções dos EUA por facilitarem transações em dólar para pessoas físicas sob a Lei Magnitsky, ou penalidades sob a lei brasileira por aderir às regulamentações dos EUA. Notavelmente, as penalidades pelo descumprimento da Lei Magnitsky pelos EUA podem variar de multas à perda de acesso ao mercado americano.

Não é de surpreender que, nesse cenário, os títulos de bancos brasileiros tenham apresentado desempenho inferior ao de seus pares regionais no último mês”, avalia a analista.

O desempenho da curva de juros do Banco do Brasil, em particular, tem sido o mais impactado, refletindo a sua natureza estatal.

Especificamente, a curva de juros sênior do Banco do Brasil se expandiu em média 27 pontos-base no último mês, enquanto as notas seniores de outros títulos brasileiros se expandiram em média 6 pontos-base no mesmo período.

“Acreditamos que o Banco do Brasil deve adiar o exercício da opção de compra para o próximo ano, considerando o impacto desse resgate na capitalização do banco e o fraco desempenho operacional atual do BB”, aponta o JPMorgan, em referência aos últimos resultados negativos da instituição financeira.

Por outro, a analista considera que esse desempenho inferior do setor bancário é temporário.

“Especificamente, acreditamos que (1) os bancos brasileiros podem encontrar maneiras de contornar a incerteza jurídica. Por exemplo, eles podem seguir a legislação brasileira internamente, citando a decisão do STF, enquanto cumprem as regras americanas, congelando ou bloqueando transações internacionais de indivíduos impactados pela Lei Magnitsky; e (2) como a desestabilização do sistema bancário não é do interesse do governo brasileiro, acreditamos que as tensões entre os dois países podem eventualmente se dissipar, especialmente se essa situação ameaçar a estabilidade financeira”, avalia a analista.

Além disso, autoridades governamentais brasileiras ou mesmo entidades privadas afetadas pela Lei Magnitsky podem buscar um abrandamento da aplicação da lei por meios diplomáticos.

“Temos nos mantido neutros a underweight (exposição abaixo da média, equivalente à venda) em relação aos títulos de dívida dos bancos brasileiros devido a valuations apertados, mas acreditamos que a volatilidade atual pode criar oportunidades”, avalia o JPMorgan.

Para o JPMorgan, apesar do recente desempenho abaixo do esperado, os bancos brasileiros ainda não parecem extremamente baratos, mas um desempenho ainda abaixo do esperado pode criar pontos de entrada.

“Por exemplo, novas quedas nos preços do BANBRA 8,748% (do BB) podem representar uma oportunidade, dada a nossa visão de que uma desestabilização do sistema bancário brasileiro é improvável e a opcionalidade de resgate deste título (todos os dias de pagamento de cupom – abril e outubro). Da mesma forma, os títulos do ITAU TIER 2 3,875% também estão ligeiramente abaixo do valor nominal, e novas quedas podem representar uma oportunidade de compra, especialmente dada a alta probabilidade de resgate em janeiro do próximo ano”, avalia a analista.

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