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Distribuição de combustíveis terá mudanças estruturais: como afetará setor na Bolsa?

O setor de distribuição de combustíveis, que por décadas enfrentou concorrência desleal e informalidade, passa por mudanças estruturais importantes em meio ao efeitos da operação “Carbono Oculto” e à aprovação do projeto que endurece as regras contra o chamado “devedor contumaz”, empresas e pessoas que deixam de pagar impostos de forma planejada e recorrente para fraudar o Fisco.

Na semana passada, a Operação Carbono Oculto marcou uma colaboração sem precedentes entre o Ministério Público de São Paulo, o Governo Federal e diversos órgãos. A operação integrou instituições-chave como a Bolsa de Valores do Brasil (B3), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e a Receita Federal. Notavelmente, a operação permaneceu confidencial até que um vazamento ocorreu apenas dois dias antes de sua execução.

O Bradesco BBI destacou que a operação gerou impactos imediatos no setor financeiro, desencadeando mudanças rápidas. A Receita Federal revisou as regulamentações para fintechs logo após a operação, indicando um escrutínio mais rigoroso. Empresas consolidadas estão acelerando esforços de conformidade, enquanto revendedores têm adotado cautela em suas atividades de compra, refletindo uma postura prudente do mercado.

O BBI observa que as reformas regulatórias atingem principalmente as fintechs, eliminando as “contas compartilhadas” e exigindo que as transações sejam declaradas de forma semelhante à dos bancos tradicionais. Além disso, o COAF passou a supervisionar com mais rigor transações de alto volume, encerrando o anonimato em movimentações bilionárias. As medidas de solidariedade tributária também se expandem: São Paulo já emitiu 169 autuações e aguarda outras 90, Minas Gerais implementou um sistema semelhante e o Paraná deve seguir o mesmo caminho.

O BTG Pactual, por sua vez, avaliou que a repressão à ilegalidade no setor de distribuição de combustíveis pode gerar ganhos estruturais para os incumbentes. Anteriormente, o banco mantinha postura cautelosa em relação ao ritmo do progresso regulatório no setor, esperando benefícios tangíveis apenas no segundo semestre de 2026.

No entanto, a operação Carbono Oculto representa um marco relevante. Com a remoção de players não conformes que distorciam a concorrência e comprimiam margens, o BTG Pactual vê oportunidade antecipada para que as empresas incumbentes aumentem participação de mercado e expandam a lucratividade, apoiadas por maior conformidade setorial.

Apesar de os desafios de fiscalização permanecerem, o BTG acredita que a operação pode acelerar a formalização e gerar ganhos estruturais de margem mais cedo do que o previsto.

Projeto de lei do devedor contumaz tem potencial transformador

O Bradesco BBI avalia que o projeto de lei do devedor contumaz pode ser bastante transformador para o setor de distribuição de combustíveis, já que cerca de 7 bilhões de litros de participação de mercado provenientes de empresas devedoras persistentes poderiam se converter em ganhos de participação e margem para os agentes formais.

O texto foi aprovado sem alterações pelo Senado, considerado pelos agentes formais como uma grande vitória. Agora, a proposta seguirá para a Câmara dos Deputados, e o mercado acompanhará se algum ponto será diluído.

O Goldman Sachs também avaliou positivamente a aprovação do projeto, considerando que ele representa mais um passo na agenda contra a informalidade. Segundo o banco, um dos principais obstáculos à lucratividade e à participação de mercado das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil é a informalidade no setor, como o não cumprimento da mistura obrigatória de biodiesel e a sonegação de impostos, que permitem que players informais ofereçam preços mais baixos aos clientes finais.

Apesar da visibilidade limitada sobre o impacto potencial da medida na indústria e sobre o tempo necessário para que o projeto avance no Congresso, o Goldman Sachs considera a notícia um avanço na luta contra a concorrência desleal, beneficiando os três maiores players do setor: Ipiranga, controlada do Grupo Ultrapar (UGPA3), Vibra (VBBR3) e Raízen (RAIZ4).

O Goldman ainda projeta que a Vibra terá um EBITDA (lucro Antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 170/m³ e a Ipiranga de R$ 160/m³ no terceiro trimestre, refletindo uma evolução sequencial positiva devido a uma dinâmica de oferta e demanda de curto prazo mais favorável.

A equipe do Goldman manteve recomendação neutra para a Vibra Energia, com preço-alvo de R$ 21,90, e reiterou classificação de compra para a Ultrapar, com preço-alvo de R$ 22,30.

Mais por vir

Além do Projeto de Lei do Devedor Contumaz, aprovado na véspera, o BBI destacou que outras iniciativas legislativas com potencial de avanço incluem o diferimento do imposto sobre a nafta e a tributação monofásica do ICMS hidratado, somando de seis a sete projetos prioritários em diferentes estágios. O banco observou que uma mudança política significativa levou deputados anteriormente contrários a passar a apoiar essas medidas.

Se a agenda legislativa e executiva se desenvolver conforme sinalizado, o BBI acredita que os benefícios de participação de mercado e margem para distribuidoras formais de combustíveis como Vibra, Ipiranga, Ipiranga, e Raízen (RAIZ4) podem se materializar mais rápido do que o esperado.

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