A condenada por crimes sexuais Ghislaine Maxwell afirmou a autoridades do Departamento de Justiça dos EUA que ela e Jeffrey Epstein mantiveram uma relação social com Donald Trump anos atrás, mas disse nunca ter visto o presidente se comportar de maneira inadequada.
A entrevista, divulgada na sexta-feira (22), representa um alívio para Trump, que vinha sofrendo pressão para liberar arquivos da investigação de promotores federais sobre as acusações de tráfico sexual contra Epstein. Trump já reconheceu ter sido amigo do financista, mas insiste que o relacionamento terminou anos antes da morte dele.
Maxwell, de 63 anos, cumpre pena de 20 anos de prisão por ajudar Epstein a abusar sexualmente de menores de idade. No depoimento conduzido pelo vice-procurador-geral Todd Blanche, ela disse que não se lembrava de alguns detalhes, mas tinha recordações claras em relação a Trump.
“Na verdade, eu nunca vi o presidente em nenhum tipo de contexto de massagem”, afirmou.
“Nunca testemunhei o presidente em qualquer situação inapropriada. Ele nunca foi inadequado com ninguém. Nos momentos em que estive com ele, foi um cavalheiro em todos os aspectos.”
Leia mais: Melania Trump ameaça processar Hunter Biden por US$ 1 bi por comentário sobre Epstein
No mês passado, Trump afirmou ter o poder de conceder indulto a Maxwell em troca de cooperação em investigações em andamento, mas disse que ainda não havia considerado fazê-lo.
Maxwell recebeu imunidade limitada para a entrevista e foi transferida para uma prisão de segurança mínima no Texas logo após o depoimento, conduzido ao longo de dois dias em julho. Nos áudios e transcrições, ela afirmou que Epstein não chantageava pessoas famosas e negou a existência de uma suposta “lista de clientes”.
“Não existe lista”, disse.
Questionada se Epstein insinuava ter poder sobre alguém devido a informações comprometedoras ou fotos, respondeu:
“Nunca ouvi isso dele. Não.”
Ela também declarou que nem Trump nem o ex-presidente Bill Clinton participaram de massagens ou atividades do tipo. O material foi liberado enquanto o Departamento de Justiça começa a compartilhar documentos sobre a rede de tráfico sexual de Epstein com o Comitê de Supervisão da Câmara. O órgão disse ter recebido 34 mil páginas de documentos, incluindo a transcrição de Maxwell.
“Não deveria haver pessoas prejudicadas, mas apoio que isso seja totalmente aberto”, disse Trump a repórteres na Casa Branca. “Há muitas pessoas que podem ser mencionadas nesses arquivos e que não merecem isso.”
Leia mais: Trump e Epstein eram amigos? Veja o que se sabe sobre a relação dos dois
Um porta-voz da Fundação Clinton não comentou. Advogados de Maxwell também não responderam, mas já haviam informado ao Congresso que ela estaria disposta a testemunhar publicamente em troca de clemência — algo que só Trump poderia conceder. O comitê recusou a oferta.
O depoimento de Maxwell é considerado significativo porque aborda vários pontos, desde suspeitas de relações sexuais com menores até as preferências de Epstein e a descrença dela na versão oficial de que ele se matou. Ainda assim, críticos ressaltam que ela não é uma testemunha confiável.
Promotores federais em Nova York acusaram Maxwell de mentir sob juramento em um depoimento de 2016, relacionado a um processo de difamação movido por uma das vítimas, Virginia Giuffre. Após sua condenação em 2021 por tráfico sexual de menores e outros crimes, essas acusações de perjúrio foram retiradas para evitar que vítimas tivessem de testemunhar novamente.
Epstein havia se declarado culpado em 2008 por acusações na Flórida, incluindo aliciamento de menores para prostituição. Em 2019, foi encontrado morto em sua cela em Manhattan, enquanto aguardava julgamento por novas acusações federais de tráfico sexual de adolescentes. A morte foi oficialmente classificada como suicídio, embora continue a gerar dúvidas.
Maxwell disse não acreditar nessa versão:
“Eu não acredito que ele tenha morrido por suicídio.”
Questionada por que ele teria sido morto se não houvesse chantagens ou inimigos, respondeu:
“Na prisão, eles podem matar você ou alguém pode pagar para que outro preso faça isso por US$ 25 em créditos de cantina. Esse é mais ou menos o valor de um assassinato com cadeado hoje.”
Ela também afirmou que Epstein e Clinton viajaram juntos no avião particular do financista, mas disse não acreditar que o democrata tenha visitado sua ilha privada.
Maxwell ainda aproveitou para elogiar Trump:
“Admiro sua conquista extraordinária de se tornar presidente. Eu gosto dele e sempre gostei. Esse é o resumo de toda a minha relação com ele.”
©️2025 Bloomberg L.P.
infomoney.com.br/">InfoMoney.