Aumento de Isenção do IR: Um Debate Complexo

O aumento da isenção do Imposto de Renda (IR) para salários até R$ 5 mil mensais tem gerado debates sobre seu impacto na demanda e na inflação. No entanto, economistas argumentam que a questão é mais complexa do que inicialmente se pensa, envolvendo fatores como o câmbio, o endividamento das famílias e a capacidade ociosa da indústria.

De acordo com Igor Rocha, economista-chefe da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), a ampliação da isenção deve ser vista como uma medida de justiça tributária. Além disso, o efeito cambial é um fator crucial, pois o câmbio apreciado tem contribuído para a redução da inflação, especialmente em alimentos, que são sensíveis a mudanças na demanda.

Outro ponto importante é o elevado endividamento das famílias, que pode limitar o impacto da isenção na demanda. André Perfeito, economista e fundador da André Perfeito Consultoria Econômica (APCE), observa que as famílias estão muito endividadas e, portanto, não é certo que o excedente de dinheiro seja transformado em demanda efetiva.

Além disso, a capacidade ociosa da indústria também é um fator relevante. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) no setor da indústria de transformação paulista está em 79,4%, o que significa que há um espaço de 20,6 pontos porcentuais da capacidade instalada da indústria paulista a ser preenchido. Isso sugere que a indústria tem condições de aumentar a oferta e atender a um eventual avanço da demanda.

Os indicadores econômicos também apoiam essa visão. A carteira de pedidos na indústria de máquinas e equipamentos, por exemplo, recuou 2,5% em agosto, e o Sensor, que mede a atividade industrial, fechou em 49,6 pontos em setembro, abaixo dos 50,0 pontos que sinalizam expansão.

Diante desses fatores, os economistas acreditam que o Banco Central não deve alterar seu plano de voo, que é de cautela e de esperar para ver a concretização dos efeitos do aperto monetário na economia. Em resumo, o aumento da isenção do IR é um tema complexo que envolve múltiplos fatores e não deve ser visto como um simples estímulo à demanda.

• Câmbio apreciado: contribui para a redução da inflação, especialmente em alimentos.
• Endividamento das famílias: limita o impacto da isenção na demanda.
• Capacidade ociosa da indústria: permite aumentar a oferta e atender a um eventual avanço da demanda.

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