O UBS BB elevou a recomendação das ações da Alpargatas (ALPA4), indo de neutro para compra, com novo preço-alvo de R$ 12 por ação para os próximos 12 meses. Os papéis da companhia fecharam o pregão da última sexta-feira (29) com R$ 9,50. Já às 11h05 desta segunda-feira (1), os papéis subiam 3,68%, a R$ 9,85.
Segundo o relatório, há cinco pontos importantes que levam a recomendação de compra das ações. Em primeiro lugar é a estratégia de racionalização da companhia no Brasil, que já entrega resultados sólidos. Nesse aspecto, é possível ver que as margens de EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) estão encaminhadas para superar níveis históricos. A estimativa do UBS é que fique em 22,4% em 2025, 22,7% em 2026 e 23,1% em 2027.
O Investor Day da Alpargatas acontece na próxima quinta-feira (4) e os analistas esperam que a empresa traga mais detalhes sobre a nova direção estratégica. As projeções de EBITDA para os próximos três anos, de 2025 a 2027, estão em 1%, 8% e 10% (respectivamente) acima do consenso.
O segundo ponto se trata de um caminho mais claro para lucratividade nos mercados internacionais. Esse aspecto é ressaltado depois que o acordo de distribuição nos Estados Unidos foi feito. A expectativa dos analistas é que isso aumente a margem de EBITDA internacional de 1,4% para 6,8% em 2025, e depois, para 10,2% em 2026/27.
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“A administração já executou um turnaround bem-sucedido no Brasil, e agora vemos um roteiro tangível para melhoria internacional”, diz o relatório. Na visão do UBS, o acordo com a Eastman, divulgado em junho deste ano, deve colaborar com as operações de distribuição da Alpargatas nos EUA. A expectativa é transformar um impacto negativo estimado de R$ 80 milhões, visto em 2024, para um negócio lucrativo a partir de 2026.
Além disso, também há uma expectativa de ambiente mais favorável para Havaianas na Europa, “com crescimento de vendas de dois dígitos em junho e maior interesse dos consumidores pela marca em países-chave da UE”. O UBS elevou as estimativas de EBITDA ajustado baseado nessa visão mais construtiva para 2025/26/27 em +2%/+5%/+5%, respectivamente, para R$ 770 milhões/R$ 905 milhões/R$ 1,0 bilhão.
Potencial de valor da Rothy’s
Outros motivos da elevação do banco são os dividendos mais atrativos, especialmente após a proposta de redução de capital da Alpargatas, e uma tendência saudável de fluxo de caixa livre. Porém, um grande destaque vai para a opcionalidade vinda da Rothy’s, devido ao potencial de valor.
A Alpargatas possui participação de 49% Rothy’s, que foi adquirida em 2022 por US$ 475 milhões. Porém, o UBS reforça que a empresa ainda é pouco relevante para os lucros, alcançando cerca de 5% nas projeções, e foi reduzida em R$ 1,1 bilhão no quatro trimestre de 2023.
“Ainda assim, com posição de caixa líquido de US$ 160 milhões e sinais de melhora operacional apesar das tarifas, a Rothy’s pode guardar valor oculto. O potencial de valorização pode vir do reconhecimento de mercado ou de alternativas estratégicas (como a venda) após o vencimento da opção de compra da Alpargatas em dezembro de 2025”, conforme o relatório.
Preço-alvo atualizado
De acordo com o UBS BB, as ações da Alpargatas estão sendo negociadas hoje a um múltiplo de 11 vezes o preço/lucro (P/L) estimado para 2026, com um dividend yield (retorno em dividendos) de 14%.
O banco explica que se o múltiplo subir para 12x P/L, isso significa que o mercado estaria considerando um lucro por ação nos próximos 12 meses cerca de 18% abaixo da projeção do UBS. Na prática, esse cenário implicaria que o mercado está enxergando um EBITDA entre 16% e 17% menor do que as estimativas do banco para 2026 e 2027.
Ainda assim, o UBS-BB mantém seu preço-alvo de R$ 12 por ação, baseado em um múltiplo de 12 vezes P/L e sustentado por uma análise de fluxo de caixa descontado (DCF), que considera a geração futura de caixa da empresa trazida a valor presente.
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