Alta de 1.900% nas ações e ameaças: bem-vindo ao mundo da computação quântica
O setor de computação quântica tem sido um dos mais especulativos e debatidos do mercado de ações. Empresas como a Rigetti Computing e a D-Wave Quantum estão desenvolvendo tecnologias que, até agora, têm poucas aplicações práticas no mundo real, mas os investidores não conseguem se afastar dessas ações.
As ações valorizaram mais de 1.900% nos últimos 12 meses, apostando que a tecnologia que estão desenvolvendo será a próxima grande revolução. Essa alta as colocou entre as melhores do mercado, superando os retornos de empresas populares de inteligência artificial, como a Palantir.
Para os otimistas, é apenas uma questão de tempo até que avanços possibilitem uma computação tão poderosa que a tecnologia transformará o mundo, ajudando a curar doenças e combater as mudanças climáticas. Já os céticos veem uma bolha movida por expectativas que inevitavelmente estourará quando o foco voltar aos fundamentos.
- A natureza tudo-ou-nada desse investimento tem sido comparada a outro grupo de ações conhecido por apostas binárias: a biotecnologia.
- A diferença na computação quântica é que ela é, em grande parte, teórica.
- Quase todos concordam que a tecnologia tem enorme potencial, mas ninguém sabe ao certo se ou quando isso se concretizará.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, causou alvoroço no início deste ano ao sugerir que esses resultados podem estar a décadas de distância. No entanto, o interesse no setor é grande, e a administração Trump tornou o desenvolvimento da computação quântica uma prioridade.
Computadores quânticos realizam cálculos em paralelo, ao contrário dos tradicionais, que fazem isso sequencialmente. Isso lhes permite processar uma quantidade exponencialmente maior de informações. No ano passado, o Google anunciou que um chip de computação quântica que desenvolveu resolveu um problema em cinco minutos que levaria um supercomputador 10 septilhões de anos.
As aplicações potenciais cativaram investidores, que viram as ações relacionadas à IA dispararem nos últimos dois anos e querem entrar cedo na próxima tecnologia disruptiva — mesmo que isso signifique comprar ações impossíveis de avaliar com métricas financeiras tradicionais.
Com visões grandiosas sobre o futuro da computação quântica, não é surpresa que tantos investidores tenham embarcado na onda especulativa na era das ações meme e da euforia da IA. Até gigantes da tecnologia como a Alphabet se beneficiam do entusiasmo.
No entanto, a alta expressiva das ações sem receita para sustentá-las é um sinal claro de bolha, segundo Bruce Cox, gestor do Harrington Alpha Fund, que aposta contra as ações da Rigetti. “Não há lucro, nada para se basear”, disse Cox. “A euforia está insana.”
Se há uma bolha, o estouro pode já estar em curso. Rigetti e D-Wave caíram mais de 34% desde os recordes do mês passado, apagando cerca de 12 bilhões de dólares em valor de mercado combinado.
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