Salvar a Amazônia ou explorar petróleo na floresta? Brasil diz que pode fazer ambos
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, retornou ao poder com a meta ambiciosa de restaurar a imagem do país como um campeão da ação climática. No entanto, três anos após seu retorno, Lula chega às negociações climáticas do mundo com um histórico mais ambíguo. O Brasil conseguiu reduzir drasticamente o desmatamento na Amazônia, mas também tentou flexibilizar leis ambientais e permitir a perfuração de petróleo próxima à foz do Rio Amazonas.
A decisão de perfurar perto da Amazônia foi defendida por Lula, que argumentou que as receitas do petróleo ajudarão o Brasil a financiar sua transição para formas mais limpas de energia. No entanto, a controvérsia ameaça manchar a imagem do Brasil no exterior e enfraquecer sua influência nas negociações climáticas.
- Os planos do Brasil para perfurar petróleo em uma área marítima próxima à foz do Rio Amazonas ficaram adormecidos por anos, presos em uma teia de estudos ambientais e resistência política.
- Grupos ambientalistas têm pressionado o Brasil a abandonar o projeto, alertando sobre os riscos de vazamentos de petróleo que poderiam causar danos duradouros a uma das regiões ecologicamente mais importantes do planeta.
- A agência ambiental brasileira concedeu uma licença à estatal petroleira para procurar depósitos de petróleo supostamente enterrados a quase 3 mil metros abaixo do leito marinho.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, explicou que o Brasil estava apenas permitindo a exploração do potencial petrolífero da área, e não a perfuração em si. Ela acrescentou que buscar petróleo é “perfeitamente compatível” com os planos do Brasil de parar de queimar combustíveis fósseis.
Lula tem sido um defensor firme da exploração de petróleo na Amazônia, argumentando que o mundo ainda precisará da commodity por muitos anos. Ele apresenta o projeto como uma forma de gerar empregos e desenvolvimento para o empobrecido norte do Brasil.
Proteger a bacia amazônica é crucial para desacelerar as mudanças climáticas, pois a floresta absorve e armazena vastas quantidades de dióxido de carbono. Cientistas concordam que a temperatura média global não pode subir mais de 2 °C em comparação com o início da era industrial.
O desmatamento na Amazônia caiu 50% entre 2022 e 2025, atingindo seu menor nível em 11 anos, segundo dados da agência espacial brasileira. As emissões de gases de efeito estufa do país caíram 12% em 2024 em comparação com o ano anterior.
No entanto, Lula enfrentou oposição no Congresso brasileiro, que enfraqueceu a proteção das terras indígenas e reduziu exigências de licenciamento e revisão ambiental para projetos de desenvolvimento.
Alguns ambientalistas temem que a incursão inicial do Brasil em busca de petróleo perto da Amazônia possa abrir caminho para uma corrida por perfurações de combustíveis fósseis na região, com consequências imensas.
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