O mercado de crédito privado brasileiro é profundo e sofisticado, mas ainda carrega vulnerabilidades relevantes, segundo Alexandre Muller, sócio e gestor da JGP. Ele aponta que operações recentes, como a tentativa de aquisição do Banco Master pelo BRB (BSLI3), mostram como brechas legais e estruturas complexas podem gerar simultaneamente riscos e oportunidades para investidores.
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Muller ressalta que algumas situações exploram essas lacunas: o Master, por exemplo, teria aproveitado a possibilidade de alavancagem elevada garantida pelo FGC e investido em ativos ilíquidos, criando uma percepção de equilíbrio no balanço que nem sempre reflete a realidade. Uma análise detalhada, segundo ele, revela incertezas sobre o valor desses ativos e potenciais vulnerabilidades para o mercado.
Apesar da sofisticação do mercado financeiro brasileiro, o executivo alerta que ainda há espaço para evolução em termos de jurisprudência e segurança institucional. Ele destaca que investidores precisam agir com mente aberta, preparados para mudanças constantes nas regras e capazes de adaptar suas decisões a padrões que nem sempre seguem lógica linear.
A declaração foi dada durante o podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo, onde Muller discute a dinâmica do crédito privado no Brasil e os desafios enfrentados por gestores e investidores em cenários de risco elevado. Ele descreve o ambiente de crédito como um “ambiente perverso de aprendizado”, em que nem sempre a experiência protege contra surpresas e crises inesperadas.
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Adaptabilidade como chave para o crédito
Muller também trouxe a analogia do explorador Amir Klink no Ártico. “Ele percebeu que tentar evitar problemas era inútil. A solução é se preparar para lidar com o inesperado.” Para ele, investir no Brasil exige infraestrutura competitiva e flexibilidade para lidar com cenários emergentes e complexos, incluindo turbulências políticas e econômicas.
“Temos empreendedores louváveis e oportunidades, mas alocar capital no Brasil exige estar pronto para mudanças rápidas, seja no mercado financeiro ou na política”, acrescentou.
O gestor explicou que muitas das gestoras independentes surgiram de profissionais de tesouraria de bancos, inicialmente focados em renda fixa, e que isso moldou o perfil sofisticado do setor no país.
“A desintermediação financeira e o crescimento das gestoras refletem maturidade, mas também complexidade”
Ele enfatizou que investidores e gestores devem manter preparo intelectual e estratégico. “O ambiente não é gentil. As regras mudam, e precisamos de flexibilidade e atenção constante para navegar nele”, concluiu.
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