O Morgan Stanley manteve a recomendação underweight (exposição abaixo da média, equivalente à venda) para a Cemig (CMIG4), estatal de energia de Minas Gerais, citando expectativas fracas para dividendos e incertezas sobre a privatização.
O banco projeta que a companhia entregue um rendimento médio de um dígito em proventos no período de 2025 e 2027, o que representa “uma tendência de queda significativa em relação aos níveis de 2024, quando a CMIG anunciou 15% de rendimento em efeitos não recorrentes”.
O dividend yield (taxa de retorno só com proventos) da empresa nos últimos 12 meses foi de 12,11%, segundo dados do Status Invest.
Sobre a privatização, o Morgan Stanley disse que o hipotético processo “permanece improvável” por causa de sua “desafiadora aprovação política”. Em entrevista no final de agosto para o programa Roda Vida, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo-MG), disse que há dificuldade de avançar com a venda porque a classe política do estado tem “apego a essas empresas que sempre serviram para atender interesses eleitoreiros”.
Plano de investimento no caminho certo
Apesar da visão negativa, os analistas destacaram avanços no plano de investimento da companhia. Eles participaram do Investor Day 2025, em que a administração atualizou suas estratégias e metas.
A administração planeja investir cerca de R$ 59,1 bilhões entre 2019 e 2029, o que implica investimentos anuais de cerca de R$ 6 bilhões, contra menos de R$ 1 bilhão por ano antes de 2018. Do plano de investimento total, cerca de 76% são alocados para redes, oferecendo retornos regulados e relativamente mais previsíveis.
Segundo a instituição financeira, a estatal também tem um plano “ambicioso” de investimento da distribuição de energia, de R$ 21,9 bilhões entre 2023 e 2027, o que representa mais de três vezes o ciclo de investimento anterior (2018-22).
Na geração de energia, o foco da companhia está na modernização dos ativos existentes, como a usina hidrelétrica de Salto Grande. A empresa está avaliando ativamente também oportunidades de M&A em Minas Gerais e avançando na renovação das concessões das hidrelétricas, segundo o banco.
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O banco também mencionou que a companhia está adotando uma postura cautelosa no braço de comercialização de energia, após perdas recentes com volatilidade e inadimplência, mas espera recuperar margens a partir de 2028, quando projeta ganhos. De olho na transição do setor, a Cemig também direciona investimentos para digitalização, inteligência artificial, medidores inteligentes, entre outros.
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