Integrantes de uma missão empresarial que está em Washington desde o início desta semana, para abrir canais de diálogo que possam reverter o tarifaço do presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros e evitar novas medidas protecionistas, foram recebidos, nesta quarta-feira, pelo vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau. Segundo relato do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, Landau afirmou que o impasse com o Brasil tem uma questão política, inédita tanto para o Brasil como para os EUA.
O subsecretário de Estado americano costuma criticar o governo e o Judiciário brasileiros, assim como o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que neste momento está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ao anunciar uma sobretaxa de 50% sobre produtos do Brasil, Donald Trump disse que uma das justificativas para a medida é o processo contra Bolsonaro. Porém, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que aceita interferência em assuntos internos.
— Logo de imediato o secretário Landau colocou muito abertamente que a principal questão diz respeito à característica política do problema, que é algo inédito para eles, algo inédito para nós, e que precisamos conduzir sob um prisma de encontrar caminhos no setor político — disse Alban.
Segundo o presidente da CNI, “de forma muito honesta”, foi colocado a Landau que não é da competência dos empresários brasileiros discutirem essa questão. Ele relatou ter afirmado que, se for chamado, o setor privado brasileiro estará à disposição para encontrar soluções e convergências no campo econômico.
Ainda de acordo com Ricardo Alban, Landau informou que, devido ao teor político da questão, o assunto está sendo tratado pelo Departamento de Estado, ou seja, pela diplomacia americana. O titular do cargo, Marco Rubio, estava em viagem ao México quando a reunião ocorreu.
— O Departamento de Estado é responsável por essa negociação, justamente por essa condicionante política que está envolvida no processo — disse Alban.
Na última terça-feira, os membros da comitiva que viajou para os EUA se reuniram com a embaixadora do Brasil naquele país, Maria Luiza Viotti. Nesta quarta-feira, estiveram com congressistas americanos e foram representados pelo consultor da CNI, Roberto Azevêdo, em uma audiência pública relativa a uma investigação conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio (USTR) sobre suspeita de práticas comerciais desleais pelo Brasil.
O processo envolve temas como desmatamento, tarifas preferenciais em acordos comerciais com outros países, corrupção e meios de pagamento como o Pix. Azevêdo, que foi diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), assegurou que o Brasil respeita as normas internacionais e não prejudicam a economia dos EUA. Também participou da audiência pública a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que defendeu o agronegócio brasileiro.
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