
Neste domingo (31), a farmacêutica Novo Nordisk apresentou no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), em Madrid, na Espanha, dados do estudo de vida real STEER. A pesquisa revela que, em comparação com a tirzepatida (Mounjaro), a semaglutida (Wegovy) demonstrou uma redução significativa de 57% no risco de eventos cardiovasculares graves (infarto, AVC ou morte por qualquer causa).
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A análise foi baseada na experiência real de pacientes nos Estados Unidos não diabéticos, mas com sobrepeso ou obesidade e doença cardiovascular. Os participantes, na faixa etária de 45 anos ou mais, fazem parte do banco de dados norte-americano Komodo Research e foram divididos em dois grupos de 10.625 pessoas: aquelas que tinham iniciado tratamento com Wegovy e as que se trataram com Mounjaro a partir de 13 de maio de 2022.
Para equilibrar as características dos indivíduos, garantindo que os grupos fossem semelhantes no início do estudo, os pesquisadores utilizaram uma metodologia chamada propensity score matching. Assim, a análise principal incluiu todos os participantes que iniciaram tratamento, independentemente de eventuais interrupções na terapia, enquanto uma análise de sensibilidade avaliou apenas os desfechos em pessoas que não tiveram interrupções superiores a 30 dias consecutivos
Entre as pessoas do grupo que injetou Wegovy, houve 15 eventos cardiovasculares (0,1%), enquanto no grupo Mounjaro foram 39 eventos (0,4%). Considerando todos os pacientes que iniciaram o tratamento, independentemente de interrupções, a semaglutida manteve uma redução de risco de 29% para os mesmos desfechos em comparação com o outro fármaco.
“Esses dados são um marco e reforçam o que os estudos clínicos já apontavam: o tratamento da obesidade com semaglutida vai muito além da perda de peso”, comenta Marília Fonseca, endocrinologista e diretora da área médica da Novo Nordisk no Brasil, em comunicado. “Comprovar essa superioridade na redução de eventos cardiovasculares graves em um cenário de vida real, com pacientes que encontramos em nossos consultórios, nos dá uma confiança ainda maior.”
Fonseca explica ainda que, conforme os resultados, a proteção cardiovascular é uma característica intrínseca da molécula de semaglutida. “Isso redefine o tratamento da obesidade como uma estratégia fundamental para salvar vidas e prevenir as complicações mais temidas associadas à doença”, diz.
Atualmente, duas em cada três mortes relacionadas à obesidade estão ligadas a doenças cardiovasculares. No Brasil, quase um terço da população adulta é obesa, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025.