Depois de dez anos de uma narrativa que cativou fãs ao redor do mundo, o Twenty One Pilots finalmente chega ao fim de sua saga musical. O álbum “Breach”, lançado em 12 de setembro, fecha o ciclo iniciado com “Blurryface” (2015) e consolida a dupla como uma das mais inventivas da geração atual.
O destaque do disco é a faixa “City Walls”, acompanhada de um vídeo cinematográfico de quase 10 minutos, que encerra simbolicamente a história que Tyler Joseph e Josh Dun vêm contando há uma década. Os elementos do álbum mantêm uma conexão direta com “Clancy” (2024), funcionando como sua continuação natural, e ainda escondem referências a trabalhos anteriores: a última música, “Intentions”, revela, se tocada ao contrário, a faixa “Truce”, do icônico “Vessel” (2013).
Uma década de narrativa musical
A saga começou com “Blurryface”, em 2015, introduzindo o personagem-título que simbolizava as ansiedades e inseguranças de Tyler Joseph, visíveis na icônica tinta preta no pescoço e nas mãos. Desde então, álbuns como “Trench” (2018) e “Clancy” (2024) expandiram essa mitologia, criando uma narrativa contínua sobre enfrentar medos internos e conflitos pessoais. Com “Breach”, essa história finalmente encontra seu desfecho.
Do ponto de vista musical, Breach encerra uma década de narrativa, mas também sinaliza o começo de um novo ciclo. Após a conclusão da turnê americana em outubro, a banda fará uma pausa, abrindo espaço para um Twenty One Pilots reinventado. Livre das amarras da história que conectou seus últimos álbuns, o duo terá a oportunidade de explorar novas sonoridades e estilos, seguindo para uma fase inédita de experimentação e criação.
Twenty One Pilots deixa sentimentos mistos
Apesar de não ter sido sempre a banda mais previsível do rock alternativo, o Twenty One Pilots vinha mostrando um crescimento consistente com Clancy, disco que muitos fãs apontam como o ponto alto da trajetória do duo. Agora, com Breach, a dupla encerra uma década de narrativa musical, mas o resultado deixa a sensação de apressado, sem a mesma firmeza e coesão dos trabalhos anteriores.
A sonoridade de Breach é ao mesmo tempo um trunfo e um problema. Alguns elogiam o álbum por sua atmosfera mais sombria e intensa, com linhas de baixo marcantes e guitarras carregadas de efeito, criando um clima propositalmente cru. Por outro lado, há quem enxergue o disco como inconsistente, tentando emular a energia de Blurryface sem realmente alcançar sua identidade própria. O resultado é um projeto que soa mais pop do que épico, uma tentativa de som de arena que nem sempre convence.
A promessa que não se cumpre
Faixas como “City Walls” e “RAWFEAR” começam o álbum com grande impacto, oferecendo produção impecável e grooves envolventes, típicos do duo. No entanto, o restante do álbum não mantém o mesmo nível: muitas músicas se tornam esquecíveis e parecem apenas preencher espaço.
O grande objetivo de Breach é fechar a narrativa iniciada em Blurryface, mas a execução deixa a desejar. A faixa final, “Intentions”, deveria encerrar a história, mas soa desnecessária, já que Clancy havia oferecido um fechamento mais natural. Enquanto algumas canções anteriores deixavam o final em aberto e instigante, aqui o encerramento parece forçado, como se a banda sentisse a pressão de concluir a saga a qualquer custo.
A exploração sonora também gera debates: o álbum alterna entre momentos propositalmente crus e trechos excessivamente produzidos, com sintetizadores que acabam ofuscando os instrumentos orgânicos. A sensação é de desequilíbrio, tornando o disco desigual e cansativo, quase como um compilado de faixas descartadas ao longo dos anos.
Pontos altos e baixos
Entre os destaques negativos, estão “The Contract”, polarizando opiniões, e músicas como “Robot Voices” e “One Way”, que não apresentam inovação. Já os pontos fortes incluem “Drum Show”, que valoriza os vocais de Josh Dun, e “Center Mass”, com batidas marcantes e letras envolventes de Tyler Joseph.
