Público chega ao auge da agitação na música FE!N de Travis Scott
Quem frequenta shows sabe: olhar em volta e ver um monte de gente com celulares apontados para um artista fazendo caras e bocas é a experiência padrão dos nossos tempos. Mas não é bem assim se você estiver em uma apresentação de Travis Scott.
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Travis Scott se apresenta no The Town 2025
Reprodução/Globo
Ironicamente, um dos maiores ídolos da geração Z é um dos poucos que conseguem fazer os nascidos a partir de 1995 guardarem o celular por alguns instantes. Neste sábado (6), no The Town 2025, o rapper americano fez um show corrido, mas com tempo suficiente para gastar o suor de um público verdadeiramente disposto e engajado, algo que se tornou raro em eventos desse tipo.
Travis é hoje o nome mais influente do trap, vertente mais arrastada do rap que ganhou as paradas musicais na última década. Atração mais aguardada deste primeiro dia do festival em São Paulo, ele fez um show marcado por batidas psicodélicas, letras sobre vícios e prazeres, voz alterada com auto-tune (um dos principais traços desse movimento) e mais bate-cabeça do que a maioria das bandas de rock é capaz de promover.
Ao longo de pouco mais de uma hora, Travis falou pouco, emendou uma música na outra em ritmo acelerado e conduziu o público numa dança frenética, deixando pouco espaço para quem pretendia parar e sacar o smartphone. O ápice da agitação veio com a música “Fein”, gravada com Playboi Carti e apresentada três vezes seguidas (geralmente, são mais).
Público acende sinalizadores em show de Travis Scott
A cada reprodução, o rapper aumentava a energia no palco, instigando também o público a pular mais e mais. Em meio à fumaça dos sinalizadores acesos na plateia (são proibidos no festival, mas estavam lá), quem tentou filmar conseguiu vídeos ainda piores do que os que costumam ser feitos em festivais.
Claro que tem a hora de postar. A lenta “My Eyes” (uma espécie de balada romântica de trap) é um momento de calmaria no turbilhão do setlist de Travis, e aí, sim, deu para ver o mar de celulares para cima. Antes de “I Know”, o próprio artista pediu para os fãs ligarem suas lanternas.
“My Eyes” e “I Know”, assim como “Fein”, fazem parte do “Utopia”, álbum de 2023 que é central na turnê “Circus Maximus”, apresentada pela segunda vez no Brasil. Em 2024, Travis fez shows um pouco mais elaborados no Rock in Rio e no Allianz Parque, em São Paulo, e foi recebido por um público igualmente empolgado — na capital paulista, houve até relatos de tremores na vizinhança do estádio.
Além do repertório do “Utopia”, ele incluiu momentos de outras fases da carreira: “Mamacita”, da mixtape “Days Before Rodeo” (2014), “Nightcrawler” e “90210”, do álbum de estreia, “Rodeo” (2015), e no megahit “Goosebumps”, do “Birds in the Trap Sing McKnight” (2016), um mar de adolescentes cantou junto.
Do “Astroworld”, de 2018, entraram “Butterfly Effect” e “Sicko Mode”. Com colaborações de ícones do rap, do R&B e do indie (e também de nomes em ascensão nesses gêneros), o álbum é o mais celebrado da carreira do artista. Ele resume bem o que fez de Travis o maior popstar do trap: a capacidade de criar camadas para dar uma cara sofisticada a um tipo de som, muitas vezes, simplório.
É assim também nas apresentações ao vivo, já bem distantes do que foram um dia os shows de trap (artistas subiam ao palco com um auto-tune e um sonho). Travis adicionou pirotecnia, telões sofisticados, efeitos de iluminação e hoje, nos grandes eventos, figura ao lado de divas pop e de bandas de rock de arena ao estilo Coldplay. Seus discípulos copiam seu estilo e, assim, muitos se deram bem. Mas nenhum até hoje chegou perto de causar tamanho tremor.
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