Rap Fora do Top 40 da Billboard: Uma Crise Criativa e Despolitização do Estilo
Após 35 anos, o rap não figura mais entre as 40 músicas mais ouvidas da Billboard Hot 100. Esse dado acende um alerta sobre o atual momento do gênero, que por décadas foi sinônimo de novação, rebeldia e posicionamento político. A sequência de 35 anos começou em 1990, com a faixa “Just a Friend”, do rapper Biz Markie, e terminou com “Luther”, de Kendrick Lamar e SZA.
O silêncio nas paradas reflete uma queda de interesse pelo rap mainstream, que hoje vive um ciclo de repetição de fórmulas e esvaziamento criativo. Além disso, o gênero enfrenta críticas recorrentes por falta de posicionamento político entre artistas do mainstream e o crescimento do conservadorismo dentro de um movimento que, historicamente, é progressista e contestador.
Causas da Crise
- O Pop se Apropriou do Hip Hop: O hip hop surgiu nos anos 1970 como uma resposta das comunidades periféricas à violência do Estado e à desigualdade racial. Com a popularização do gênero, técnicas como samples e baterias 808 se espalharam por outros estilos, diluindo as raízes do rap.
- O Rap Flerta com Conservadores: A ascensão social e financeira de muitos artistas criou uma nova contradição: a despolitização do movimento. Rappers como Kanye West e Ice Cube se aproximaram de figuras e discursos conservadores, contradizendo os valores progressistas do hip hop.
- O Caso P. Diddy: A queda de P. Diddy, acusado de abuso sexual e tráfico humano, abalou a credibilidade do hip hop e reacendeu preconceitos antigos.
Para superar essa crise, é necessário repensar a cultura e reconectar arte e política, sem abrir mão da evolução estética. O hip hop sempre foi mais do que música: é espelho, megafone e arquivo de lutas sociais. Voltar às origens e reencontrar a essência do gênero pode ser a solução para essa crise de identidade.
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