A cidade do Rio de Janeiro ganhou um novo marco afetivo e cultural com a inauguração da estátua de Preta Gil na orla de Copacabana. A escultura foi revelada nesta segunda-feira (15), em frente ao icônico Copacabana Palace, e posicionada ao lado da estátua de seu pai, Gilberto Gil, instalada em 2023.

A iniciativa partiu do quiosque Areia MPB, administrado pela Orla Rio, e atende a um desejo coletivo dos fãs da cantora, que faleceu em julho deste ano aos 50 anos, vítima de um câncer no intestino.

A homenagem não apenas eterniza a imagem de Preta Gil, mas também reforça a conexão profunda entre sua trajetória artística e a cidade do Rio de Janeiro. A escultura foi instalada nas proximidades da residência de Gilberto Gil, criando um elo simbólico entre gerações e consolidando o espaço como um ponto de memória afetiva para admiradores da música brasileira.

Preta Gil iniciou sua carreira musical aos 29 anos, após atuar como produtora e publicitária. Seu primeiro álbum, Prêt-à-Porter, lançado em 2003, revelou o sucesso Sinais de Fogo, composto por Ana Carolina. Desde então, ela se destacou por sua irreverência, autenticidade e defesa da diversidade. Sua presença marcante no Carnaval carioca e nos palcos brasileiros fez dela uma figura emblemática da cultura popular.

Nos últimos meses, o reconhecimento à sua contribuição artística se intensificou. O trajeto oficial dos megablocos do Carnaval do Rio passou a se chamar Circuito Preta Gil, uma forma de manter viva sua memória como símbolo da folia de rua. A estátua recém-inaugurada se soma a esse conjunto de tributos, reafirmando sua importância para a música e para a identidade cultural da cidade.

A escolha de eternizar Preta Gil ao lado de seu pai é carregada de significado. Gilberto Gil, um dos maiores nomes da história da música brasileira, representa uma geração que transformou o cenário artístico do país. Preta, por sua vez, trouxe uma nova linguagem, mais inclusiva e conectada com as questões sociais contemporâneas. Juntos, pai e filha formam um legado que transcende o palco e se inscreve na história da cultura nacional.

Bruno de Paula, sócio do quiosque Areia MPB, destacou que a homenagem nasceu de um pedido dos próprios fãs: “Mais do que uma homenagem, é um símbolo da força da música brasileira e da conexão entre gerações”, afirmou. O espaço agora se consolida como um ponto de encontro para quem deseja celebrar a arte, a memória e os valores que Preta Gil representava.

A emoção dos fãs foi evidente durante a inauguração. Muitos se reuniram para prestar tributo à artista, relembrando momentos marcantes de sua carreira e expressando gratidão por sua contribuição à música e à sociedade. A estátua se torna, assim, um lugar de peregrinação e contemplação, onde admiradores podem se reconectar com a energia vibrante que Preta transmitia.

Preta Gil foi uma voz ativa na luta contra o preconceito e na promoção da diversidade

Além de cantora, Preta Gil foi uma voz ativa na luta contra o preconceito e na promoção da diversidade. Sua postura firme diante de temas como racismo, gordofobia e homofobia fez dela uma referência para milhares de pessoas. A homenagem em Copacabana não celebra apenas sua arte, mas também seu papel como agente de transformação social.

A presença do monumento na orla carioca insere Preta Gil no circuito de homenagens públicas que valorizam figuras que marcaram a história artística do Brasil. Em um país onde a memória cultural muitas vezes é negligenciada, iniciativas como essa têm o poder de preservar legados e inspirar novas gerações.