Por que sua pele e órgãos não concordam sobre o que significa “sentir frio”
O corpo humano é um sistema complexo que não sente frio de modo uniforme. De acordo com um novo estudo publicado na revista Acta Physiologica, as quedas de temperatura são detectadas de formas diferentes pela pele e pelos órgãos internos devido aos seus sistemas moleculares próprios.
A pesquisa foi realizada pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) em conjunto com a Universidade Miguel Hernández de Elche, na Espanha. O estudo explica quais fatores contribuem para o corpo manter o equilíbrio térmico e como a percepção do frio varia no corpo humano.
A pele consegue detectar ambientes frios através de um canal iônico denominado TRPM8, enquanto os órgãos identificam as baixas temperaturas por um sensor molecular chamado TRPA1. Isso significa que a pele e os órgãos têm mecanismos moleculares diferentes para detectar o frio.
Como o corpo detecta o frio
Para fazer o estudo, a equipe investigou quais eram os neurônios sensoriais que conseguiam detectar o frio utilizando modelos animais. Duas vias nervosas se destacaram: o chamado nervo trigêmeo que consegue conduzir as informações sensoriais da pele, do rosto e da superfície da cabeça para o cérebro; e o nervo vago, que transporta informações dos órgãos internos para o cérebro.
Os pesquisadores bloquearam determinados sensores moleculares utilizando medicamentos e observaram, em tempo real, como os neurônios reagiram às mudanças de temperatura através de imagens de cálcio e registros eletrofisiológicos.
A equipe fez testes em camundongos geneticamente modificados que não tinham os sensores moleculares TRPM8 ou TRPA1. Através das análises e combinando os experimentos, foi possível provar que cada sensor neural cumpre um papel diferente na percepção da temperatura corporal.
- A pele detecta o frio através do canal iônico TRPM8.
- Os órgãos internos detectam o frio através do sensor molecular TRPA1.
- Cada sensor neural cumpre um papel diferente na percepção da temperatura corporal.
As funções fisiológicas específicas de cada parte do corpo estão diretamente relacionadas à forma como o frio é detectado. E os mecanismos moleculares da pele e dos órgãos são diferentes.
Essas descobertas revelam uma visão mais complexa e matizada de como os sistemas sensoriais em diferentes tecidos codificam informações térmicas. Isso abre novos caminhos para estudar como esses sinais são integrados e como podem ser alterados em condições patológicas.
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