Entendendo a Relação entre Síndrome de Down e Alzheimer
A Síndrome de Down está fortemente associada a um envelhecimento acelerado, com estudos indicando que até 90% dos indivíduos com esta condição desenvolvem a doença de Alzheimer antes dos 70 anos. Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificou padrões elevados de neuroinflamação em indivíduos com Síndrome de Down, já na juventude, o que pode ser um componente chave para explicar a alta prevalência de doença de Alzheimer em pessoas idosas com Síndrome de Down.
Este trabalho, publicado na revista Alzheimer’s & Dementia e apoiado pela FAPESP, é o primeiro a mapear, por meio de técnicas de medicina nuclear, os padrões de neuroinflamação em pessoas com Síndrome de Down. Além da neuroinflamação, os pesquisadores também verificaram um marcador importante da doença de Alzheimer: a placa beta-amiloide, formada por fragmentos de peptídeo amiloide que se depositam entre os neurônios, causando inflamação e interrompendo a comunicação neural.
Métodos e Resultados
A pesquisa comparou padrões de neuroinflamação de 29 indivíduos com Síndrome de Down com os de 35 sem a condição, com idades entre 20 e 50 anos. A neuroinflamação foi monitorada por meio de tomografia por emissão de pósitrons (PET), utilizando radiofármacos específicos. Os resultados mostraram maior neuroinflamação nas regiões frontal, temporal, occipital e límbica do cérebro de pessoas com Síndrome de Down, inclusive entre jovens de 20 a 34 anos.
Os pesquisadores também acompanharam, ao longo de dois anos, a progressão da neuroinflamação em camundongos modificados geneticamente para desenvolver uma condição semelhante à Síndrome de Down. Os dados dos camundongos, somados aos dos humanos, oferecem respostas valiosas sobre o envelhecimento de pessoas com Síndrome de Down.
Implicações e Conclusões
O processo de neuroinflamação observado nas pessoas com Síndrome de Down parece seguir um padrão bifásico, onde a micróglia atua de forma protetora inicialmente, mas com o tempo se torna pró-inflamatória, podendo agravar os danos neuronais. Embora a doença de Alzheimer ainda não tenha cura nem uma causa única definida, o estudo traz avanços importantes sobre a doença nas pessoas com Síndrome de Down.
O estudo reforça a hipótese de que a neuroinflamação precede as placas beta-amiloide para a população com Síndrome de Down, abrindo caminho para o desenvolvimento de terapias que possam retardar ou bloquear esse processo inflamatório e, com isso, postergar o início da doença de Alzheimer. Além disso, a pesquisa apresenta uma ferramenta de imagem capaz de monitorar a neuroinflamação em tempo real, permitindo acompanhar a eficácia dos tratamentos e incluir pessoas com Síndrome de Down em estudos clínicos sobre doença de Alzheimer.
- A neuroinflamação é um componente chave na relação entre Síndrome de Down e Alzheimer.
- O estudo identificou padrões elevados de neuroinflamação em indivíduos com Síndrome de Down, já na juventude.
- A pesquisa apresenta uma ferramenta de imagem capaz de monitorar a neuroinflamação em tempo real.
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