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O que são os peptídeos e por que eles estão tomando conta da indústria da beleza?


Peptídeos. Essa palavra, que se refere a pequenos fragmentos de proteína, aparece cada vez mais nas embalagens de produtos de beleza – são séruns, hidratantes, protetores solares, balms e uma infinidade de outros itens, de diferentes setores de cuidados com a pele, com novos lançamentos a cada semana. Mas você sabe qual é o impacto desse ingrediente na pele?
Em resumo, os peptídeos são fragmentos de aminoácidos, que compõem as proteínas, e funcionam como “mensageiros” que enviam instruções às células da pele. Existem vários tipos de peptídeos, cada um com uma função diferente. Alguns sinalizam à pele para produzir mais colágeno, outros podem ordenar que os músculos relaxem, suavizando linhas finas, por exemplo.
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A Rhode, marca de skincare e maquiagem de Hailey Bieber, é uma das principais responsáveis por tornar os peptídeos mais populares. De 2022 para cá, a empresa lançou produtos como o sérum Peptide Glazing Fluid e a linha de balms labiais The Peptide Lip Tints, ambos com o termo peptídeos em destaque e a promessa de estimular o colágeno da pele e dar volume aos lábios. Hoje, no Brasil, os peptídeos estão presentes em produtos como um sérum antissinais da Principia, um sérum antirrugas da Vichy e um creme redutor de linhas da Creamy, para citar apenas alguns.
Para te ajudar a entender o que fazem os peptídeos, quais são os riscos e se você deve incluí-lo à sua rotina de skincare, Vogue recorreu a dois especialistas: o dermatologista Daniel Dziabas, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da American Academy of Dermatology, e a farmacêutica Marina Cristofani, especialista em desenvolvimento de cosméticos.
“Mensageiros” da pele
Como “mensageiros da pele”, os peptídeos potencializam a ação de produtos de skincare porque podem transmitir uma série de sinais diferentes, como melhorar a aparência das rugas, clarear manchas ou relaxar a musculatura facial, explica Daniel Dziabas. “Nem todos os peptídeos têm a mesma função. Tudo vai depender de qual peptídeo estamos falando”, esclarece a farmacêutica Marina Cristofani.
Hoje, eles se dividem em três categorias: carregadores, que “carregam” ativos como minerais e vitaminas para as células; neurotransmissores, que ajudam a relaxar a musculatura e suavizar linhas de expressão, por isso conhecidos como “botox-like”; e sinalizadores, que ajudam na firmeza e textura da pele porque estimulam a produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico.
Embora existam indícios que apontam respostas promissoras no uso de peptídeos, a farmacêutica Marina Cristofani, que é especialista em desenvolvimento de cosméticos, diz que “ainda faltam estudos mais robustos para entendermos se os peptídeos realmente entregam tudo isso que propõem”.
“A maioria dos estudos sobre peptídeos no Brasil são financiados pela própria indústria que fabrica a matéria-prima, o que tem pouco peso no universo científico. Sinto falta de estudos mais sérios, especialmente sobre o uso em diferentes tipos de pele, para recomendar esse ativo às minhas pacientes”, afirma.
Cristofani acrescenta que, se o objetivo é melhorar os sinais do envelhecimento na pele, prefere indicar produtos da família dos retinoides, ativos que são exsudatos desde a década de 1980 e tem vasta comprovação científica.
Menos é mais
Os riscos do uso desse ingrediente são quase nulos. “A maioria dos peptídeos são seguros. O risco de reações como irritação, descamação ou alergias é muito baixo, especialmente em comparação com outros ativos, como ácidos e retinoides. Mas é importante reforçar que todo cosmético deve ser utilizado de acordo com o tipo de pele do paciente e seguindo recomendações de um profisisonal”, fala Daniel Dziabas.
Outra informação importante sobre os peptídeos é que eles não têm efeito cumulativo na pele. Portanto, usar mais de um produto com peptídeos ao mesmo tempo – um hidratante, um protetor solar e um balm labial, por exemplo – não costuma gerar irritações, mas também não vai potencializar seus benefícios.
“Usar vários produtos com peptídeos não gera risco de toxicidade, mas também não gera acúmulo de benefícios. Você pode usar peptídeos em várias etapas do skincare, mas isso não significa que eles farão mais efeito”, fala Dziabas. E Marina Cristofani completa: “Não há necessidade alguma usar um tônico com peptídeos, um sérum com peptídeos e mais um creme com peptídeos. Usando apenas um desses produtos, você já deve notar resultados. Acrescentar mais produtos à sua rotina significa gastar mais dinheiro sem ter mais resultados.”
O primeiro passo para introduzir os peptídeos na sua rotina de skincare é entender para o que serve aquele peptídeo e se esse produto faz sentido na sua rotina de cuidados, pondera Daniel Dziabas.
A farmacêutica defende a máxima “menos é mais” nos cuidados diários com a pele: “Uma boa rotina para a prevenção do envelhecimento precoce pode contar com um bom protetor solar, um retinoide, um hidratante e um produto que limpe a pele sem agredi-la. Quando o assunto é envelhecer bem, mais vale uma rotina e um estilo de vida equilibrado do que o desespero por novos produtos que resolvam problemas impossíveis.”