A Busca pela Perfeição Estética e a Perda da Identidade
A era atual é marcada por uma busca incessante pela perfeição estética, especialmente quando se trata do rosto. A cirurgia plástica, que antes visava apenas rejuvenescer ou corrigir imperfeições, agora busca redesenhar completamente a fisionomia, transformando o rosto em um campo de experimentação estética. Essa tendência levanta questões importantes sobre a identidade e a singularidade em um mundo onde a padronização estética parece ser a norma.
Na psicanálise, o rosto é considerado o primeiro espelho da identidade, onde a criança forma uma ideia de si mesma ao se reconhecer no reflexo. No entanto, quando o rosto é radicalmente alterado, essa distância entre o corpo e a imagem pode desaparecer, levando o sujeito a se perder dentro da própria imagem. Isso pode resultar em uma sensação de inquietude, conhecida como “estranho familiar”, onde algo íntimo se torna estranho.
- A cirurgia plástica pode ser um gesto de reconciliação com o próprio corpo quando nasce de um desejo autêntico, mas pode se tornar um sintoma quando surge do medo de ser quem se é.
- Os filtros digitais amplificam o processo de padronização estética, ensinando o olhar a rejeitar o real e a preferir a superfície editada à expressão viva.
- A perda da diferença e da singularidade pode levar a uma solidão e isolamento, mesmo em meio a uma multidão de faces parecidas.
O rosto, antes uma linguagem do sujeito, transforma-se em uma superfície neutra, ajustável e intercambiável. A psicanálise lembra que o eu se forma justamente no encontro entre o semelhante e o distinto. Sem diferença, não há identidade possível. O desafio contemporâneo é menos o de alcançar a imagem perfeita e mais o de permanecer visível dentro dela, mantendo uma fresta de imperfeição que permita que o sujeito continue a se encontrar.
Em resumo, a busca pela perfeição estética pode levar à perda da identidade e da singularidade, resultando em uma solidão e isolamento. É importante lembrar que o rosto é uma narrativa que conta uma história única e que a perfeição não é o objetivo, mas sim a presença e a autenticidade.
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