Livros de Chumbo Controversos: Um Estudo Aprofundado
Um estudo minucioso realizado pelo Centro de Feixes de Íons da Universidade de Surrey, no Reino Unido, trouxe novas luzes ao debate em torno dos enigmáticos “códices de chumbo”, supostamente encontrados em 2011 em uma caverna na Jordânia. Esses artefatos são apresentados como sendo do início do cristianismo, mas sua autenticidade tem sido questionada.
A pesquisa, publicada na revista Nuclear Instruments and Methods in Physics Research B, utilizou quatro técnicas complementares para examinar as amostras: análise de elementos-traço, medições de isótopos de chumbo, testes de partículas alfa e estudo de hélio radiogênico. O objetivo era detectar a composição e a idade provável dos códices.
Análise Revela Cenário Complexo
As páginas externas de um dos livros analisados apresentaram forte contaminação ambiental, o que comprometeu a determinação precisa da idade. Já as páginas internas forneceram dados mais consistentes, sugerindo que têm pelo menos 200 anos, podendo ser ainda mais antigas.
As metodologias empregadas não foram conclusivas isoladamente, mas, combinadas, revelaram um panorama mais matizado sobre a fabricação dos artefatos. “Enquanto algumas partes dos códices parecem modernas, outras apresentam características de chumbo mais antigo, que não conseguimos explicar usando materiais contemporâneos”, explica Roger Webb, coautor do estudo.
Controvérsias Antigas, com Suspeitas Renovadas
A investigação científica recente dialoga com um histórico turbulento. Em 2012, uma apuração da BBC News destacou que várias alegações feitas por David Elkington, um autoproclamado arqueólogo, eram contestadas por acadêmicos. Elkington angariou dezenas de milhares de libras com investidores e apoiadores para financiar suas pesquisas, mas especialistas questionaram a autenticidade dos códices.
Na época, a BBC revelou que credenciais acadêmicas citadas por Elkington eram imprecisas e que especialistas consultados pela Autoridade de Antiguidades de Israel tinham rejeitado a autenticidade dos códices examinados. O historiador Peter Thonemann, da Universidade de Oxford, afirmou que “tinha tanta certeza quanto é possível ter” de que o conjunto de códices eram falsificações.
Mistério Resiste à Tecnologia
Mais de dez anos depois da polêmica inicial, a nova análise não oferece o veredito definitivo que muitos buscavam. O estudo conclui que, embora seja possível descartar a modernidade de algumas partes, não há meios científicos de confirmar se os códices são tão antigos quanto afirmam seus defensores.
A falta de uniformidade dos materiais e a contaminação de fundo dificultam a datação precisa e sugerem que os livros podem ter tido intervenções ou exposições diferenciadas ao longo de seu percurso. Um quadro que abre espaço tanto para aqueles que acreditam na autenticidade parcial quanto para os que defendem a hipótese de falsificação.
Enquanto a equipe de Surrey busca novos financiamentos para uma próxima fase de testes, permanece aberta a possibilidade de que os enigmáticos livros de chumbo guardem segredos por desvendar. As seguintes são algumas das principais conclusões do estudo:
- As páginas internas dos códices têm pelo menos 200 anos.
- As metodologias empregadas não foram conclusivas isoladamente.
- A falta de uniformidade dos materiais e a contaminação de fundo dificultam a datação precisa.
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