bukib
0 bukibs
Columbus, Ohio
Hora local: 19:29
Temperatura: °C
Probabilidade de chuva: %

‘Ladrões’: O que levou um dos diretores mais perturbadores dos EUA a fazer um filme ‘divertido’?


Darren Aronofksy explica por que decidiu fazer um filme só ‘pela diversão’ em ‘Ladrões’
“Ladrões”, novo filme do renomado cineasta Darren Aronofsky, mostra que alguma coisa mudou dentro do americano de 56 anos.
Conhecido por histórias perturbadoras como “Réquiem para um sonho” (2000) – clássico sobre jovens viciados que lançou sua carreira e traumatizou uma geração no processo – e “Cisne negro” (2010), ele apresenta um dos filmes mais divertidos do ano.
Protagonizado por uma estrela em franca ascensão em Hollywood, Austin Butler (“Elvis”), a aventura criminosa em cartaz desde o final de agosto nos cinemas brasileiros conta a história de um ex-jogador de beisebol preso, por acidente, em uma disputa entre gângsteres de Nova York.
g1 já viu: ‘Ladrões’ é aventura criminosa divertida com Austin Butler mais charmoso do que nunca
Um contraste gritante em relação aos estudos sobre religiosidade, humanidade e obsessão, dentro de ambientes sufocantes e claustrofóbicos como os retratados pelo diretor em “Mãe!” (2017) ou “A baleia” (2022), seu filme mais recente.
Mas o que levou um dos cineastas americanos mais conhecidos por seu currículo cheio de obras incômodas e sombrias?
“Há uma certa fome por esse tipo de coisa agora. É difícil chamar a atenção das pessoas. Há tanta distração no mundo”, diz Aronofsky em entrevista ao g1.
“Se há uma coisa que Hollywood deveria fazer neste momento é calar a boca e dançar.”
“Então, eu gostaria de fazer apenas algo que fosse divertido e desse às pessoas duas horas de uma ótima jornada. E esse era o filme mais meio que comercial que eu estava desenvolvendo há um tempo.”
Zoë Kravitz e Austin Butler em cena de ‘Ladrões’
Divulgação
O que ‘Ladrões’ tem em comum com ‘A baleia’?
Conhecido também por escrever a maior parte de seus filmes, em “Ladrões” o diretor realiza pela segunda vez seguida uma adaptação para o cinema de uma história escrita por outra pessoa. Pela segunda vez, também, convida o autor original para o cargo.
Em “A baleia”, o trabalho tinha ficado com o dramaturgo Samuel D. Hunter, responsável pela peça na qual o filme era baseado.
“Acho que ele é um dos grandes escritores dos Estados Unidos”, fala Aronofsky. Mesmo assim, em seu primeiro trabalho para o cinema, Hunter precisou de muita atenção do diretor.
“Mas a natureza de suas palavras era tão linda que eu não queria mexer com elas”, conta.
Com Charlie Huston, escritor do livro (“Caught stealing”, mesmo título em inglês) adaptado em “Ladrões”, a experiência foi bem diferente. Afinal, ele já tinha um rascunho pronto, “que definitivamente capturava a energia e parecia um filme”.
“Olha, escrever um livro é uma situação muito diferente do que escrever um roteiro. Por exemplo, você não pode fazer monólogos internos tão bem. E a voz de Hank (o protagonista) era uma parte grande do livro”, diz Aronofsky.
“Mas, quero dizer, nesses dois casos tudo deu certo.”
Matt Smith e Austin Butler em cena de ‘Ladrões’
Divulgação
‘Não há como ganhar’
Lançado em 2005, “Caught stealing” – título que faz referência ao beisebol que o protagonista não joga mais – é na verdade o primeiro de uma trilogia.
Por isso, o cineasta faz um paralelo com seus próprios enredos do passado, compostos por discussões complexas e protagonistas perturbados.
“Você assiste ao desenvolvimento de um personagem em uma história bem mais longa, de uma forma muito mais realista. E o que foi divertido foi me apegar a esse realismo da trama e do personagem, mesmo quando ele está cercado por todos esses acontecimentos absurdos”, afirma o diretor.
Ele sabe que essa vontade sincera de levar puro entretenimento ao público vai de encontro às expectativas que seus fãs – e o público em geral – têm de seu trabalho. Por isso, espera que as pessoas consigam separar a obra do artista, “por mais que eu esteja aqui falando sobre o filme”.
“Isso é engraçado. Eu ando um pouco preocupado com isso – que as pessoas vão ficar chateadas por não estarem mais perturbadas. Então, você meio que está ferrado não importa o que aconteça. Não há como ganhar.”
Austin Butler em cena de ‘Ladrões’
Divulgação