Julia Priolli e o Fenômeno do “Melocrime”
A série “Tremembé” se tornou um sucesso instantâneo no Brasil, quebrando recordes de audiência e extrapolando o streaming para ocupar redes sociais, rodas de conversa e manchetes. De acordo com Julia Priolli, Head de Ficção da Amazon MGM Studios Brasil, o fenômeno não nasce do barulho, mas da escolha narrativa. Ela define o conceito que sustenta a série como “Melocrime”, a fusão entre melodrama e crime real.
O interesse do público é quase orgânico, segundo Julia. A série pautou desde a imprensa até as conversas de bar, com as pessoas comentando pela fofoca. Isso se deve ao fato de que alguns personagens já cumprem pena em regime aberto, tornando a obra quase uma “obra aberta”.
A Ideia de Obra em Permanente Fricção
A série se mantém viva mesmo após o lançamento porque não se organiza em torno do suspense clássico nem da revelação final. Seu motor é o incômodo de conviver com histórias que insistem em não se encerrar. Ao deslocar o foco do crime para o depois, a série obriga o espectador a abandonar a posição confortável de juiz e assumir a de cidadão.
- A série transforma o sistema prisional em tema de debate público, abordando conceitos como progressão de pena, indulto e regime semiaberto.
- O brasileiro passou a ter conhecimento de causa sobre tais direitos e suas limitações.
- O true crime deixa de ser apenas investigação e passa a ser uma forma de compreender o humano em seu ponto mais desconfortável.
O Papel do Público Feminino
Julia identifica um dado que atravessa todas as produções de true crime no Brasil: o protagonismo do público feminino. Ela atribui o interesse feminino ao gênero como uma combinação entre atenção aos detalhes e empatia.
A escalação de Marina Ruy Barbosa como Suzane em “Tremembé” ultrapassa a performance em cena, sinalizando uma mudança estrutural na indústria. Julia destaca o papel ativo da atriz como produtora associada, mostrando que o olhar feminino está criando personagens femininas mais interessantes.
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