Clipes magnéticos que prometem acabar com o ronco estão fazendo sucesso nas redes sociais. Nas postagens, pessoas que sofrem com o problema dizem ter encontrado uma solução simples para noites mais silenciosas. O acessório, pequeno, reutilizável e normalmente feito de silicone, é colocado sobre ou dentro do nariz e usa ímãs nas extremidades para manter as vias aéreas mais abertas.
Será que a novidade realmente cumpre o que promete? Para responder, o TechTudo conversou com o médico otorrinolaringologista e doutor em ciências pela pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Fabrício Scapini, que explica os possíveis efeitos, riscos e alternativas mais indicadas para tratar o ronco. Confira!
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Ronco pode prejudicar o sono e causar constrangimentos
Divulgação/Mercado Livre
O que é o ronco?
O ronco acontece quando há dificuldade na passagem do ar pelas vias respiratórias, o que provoca vibração nos tecidos da garganta. Entre os fatores mais comuns estão congestão nasal, desvio de septo, sobrepeso, flacidez da musculatura da faringe e aumento de amígdalas.
“Ronco é um sinal, não uma doença em si. Ele pode, muitas vezes, prejudicar o sono de quem dorme junto e também gerar constrangimentos. Mas o mais importante é que ele alerta para a presença, ou não, de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). Alguns pacientes podem roncar e não ter AOS, nessa situação, chamamos de ronco primário. Porém, o mais comum é encontrarmos o ronco associado à apneia. E é principalmente isso que traz diversas consequências para a qualidade de vida das pessoas”, explica o médico Fabrício Scapini.
No caso dos clipes magnéticos, a promessa é simples: manter as narinas levemente abertas, facilitando a entrada de ar. Alguns fabricantes ainda afirmam que o campo magnético poderia estimular terminações nervosas, mas não há evidências científicas que confirmem tal efeito.
É importante buscar ajuda médica para um diagnóstico preciso
Divulgação/Pexels (Kampus Production)
Ainda segundo o especialista, não existem evidências científicas que comprovem os benefícios do uso desses dispositivos para tratamento de ronco e da apneia. Eles podem trazer algum alívio para pessoas cujo ronco está relacionado a uma obstrução nasal leve, mas isso não deve ser considerado um tratamento efetivo e sim uma alternativa pontual.
Vantagens e riscos do uso do dispositivo
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O dispositivo magnético tem como principais atrativos o baixo custo e o uso simples, já que basta encaixá-lo no nariz antes de dormir. Além disso, pode oferecer algum alívio temporário em casos de obstrução nasal leve, ajudando na respiração.
Embora seja vendido como inofensivo, o médico otorrinolaringologista alerta que o clipe pode causar desconforto, irritação nasal, sangramento ou até traumatismo local. Outro risco é criar uma falsa sensação de tratamento, fazendo com que o usuário deixe de procurar ajuda médica para tratar de problemas mais sérios, como a apneia do sono.
Pessoas com roncos devem procurar um médico para avaliar a qualidade do sono e também a via aérea superior, como um otorrinolaringologista. Uma consulta e alguns exames definirão o melhor tratamento
Tratamentos realmente eficazes contra o ronco
De acordo com o especialista, os métodos com maior comprovação de eficácia são o aparelho intraoral de avanço mandibular — popularmente chamado de “placa”, mas diferente da usada no tratamento do bruxismo — e o CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas).
No entanto, fatores ligados ao estilo de vida e eventuais disfunções anatômicas também podem influenciar. Por isso, a escolha do tratamento deve sempre partir de uma avaliação médica individualizada. As principais abordagens incluem:
Mudanças de hábitos – perder peso, evitar o consumo de álcool antes de dormir e adotar a posição lateral ao deitar podem reduzir significativamente o ronco;
Dispositivos intraorais – feitos sob medida por dentistas especializados, mantêm as vias aéreas abertas durante o sono;
CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) – considerado o tratamento de referência para casos de apneia do sono, aplica pressão constante para evitar a obstrução das vias respiratórias;
Cirurgias específicas – indicadas quando há alterações anatômicas que comprometem a passagem do ar.
Faixa anti-ronco envolve a cabeça e mantém a boca fechada, funcionando apenas para quem ronca por respirar de boca aberta
Divulgação/Mercado Livre
Outros dispositivos populares contra o ronco: realmente funcionam?
Além do clipe magnético, existem outros dispositivos que prometem ajudar a reduzir o ronco. A lógica desses aparelhos é parecida: eles podem auxiliar na respiração pontualmente, mas não tratam a causa do problema.
Entre os itens mais comuns estão: faixa anti-ronco, é uma espécie de cinta que envolve a cabeça e mantém a boca fechada, funcionando apenas para quem ronca por respirar de boca aberta; adesivo dilatador nasal, que atua de forma semelhante ao clipe magnético, abrindo mecanicamente as narinas e podendo ajudar em casos leves de obstrução nasal; e o mini CPAP, uma versão compacta do aparelho tradicional que aplica pressão positiva nas vias aéreas, mas que depende de avaliação médica para ser utilizado.
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