Recentemente, o cantor e produtor Finneas concedeu uma entrevista à Recording Academy, nos Estados Unidos, durante um evento realizado no Grammy Museum. Vencedor de 10 prêmios Grammy, o artista falou sobre sua trajetória profissional, seu método de trabalho e outros temas relacionados à música. Um dos trechos que mais chamou a atenção do público foi quando ele abordou as diferenças entre trabalhar sozinho e em parceria com outros colaboradores, destacando a importância da colaboração para a construção de suas músicas.

Ao falar sobre o desafio de criar seus próprios discos, Finneas refletiu sobre a evolução de seu processo criativo e a experiência de aprender a trabalhar com outros artistas. Ele explicou que, inicialmente, não se dava conta das complexidades de colaborar, porque ainda não sabia como ser um bom parceiro de trabalho. Segundo Finneas, primeiro é necessário dominar uma habilidade individual antes de conseguir compartilhá-la junto a outra pessoa. Ele ainda ilustrou de forma clara como o apoio de alguém pode tornar tarefas desafiadoras muito mais acessíveis:

“Acho que, até certo ponto, é mais difícil fazer meus próprios discos. Eu não costumava pensar assim, porque ainda não sabia como ser o melhor colaborador, certo? Eu acredito que você aprende a desenvolver uma habilidade antes de aprender a colaborar com alguém nela. Mas, uma vez que você aprende a colaborar com outra pessoa, seja Billie Eilish ou alguém como Justin Bieber, eu comparo isso a levantar um móvel pesado: é mais fácil erguer um móvel quando se tem outra pessoa para ajudar.”

Em seguida, Finneas detalhou como a colaboração vai além do aspecto técnico e envolve também uma percepção profunda do outro. Ele comentou que, durante o processo criativo, é possível captar nuances emocionais que a própria pessoa ainda não percebeu, algo que ele chamou de análise quase psicológica. Essa capacidade de ler sinais sutis é fundamental para transformar sentimentos não verbalizados em música, criando uma conexão autêntica entre as partes:

“Sabe o que quero dizer? Especialmente quando você está trabalhando com alguém incrível. Às vezes, é possível analisar alguém psicologicamente de um jeito quase ridículo de se dizer, mas você consegue perceber algo sobre a pessoa que ela mesma ainda não percebeu. Por exemplo: você pergunta ‘Como vai seu relacionamento?’ e a pessoa responde: ‘Está ótimo.’ E você, na sua cabeça, pensa: ‘Não, não está.’”

Por fim, o cantor explicou como essa sensibilidade se traduz no processo de composição e gravação. Através da colaboração, ele consegue extrair emoções reais e transformá-las em letras e melodias que refletem o que a pessoa está realmente sentindo, algo que seria muito mais difícil de alcançar sozinho. Finneas comparou o trabalho solo a uma espécie de desafio pessoal, no qual é preciso se enganar para conseguir alcançar resultados que naturalmente surgem com a presença de outro artista:

“Então, você consegue extrair dessa pessoa uma música que revele como ela realmente se sente, tipo: ‘Tenho muito medo de perder essa pessoa’, ou qualquer outra emoção verdadeira. Acho que isso é mais difícil de fazer quando você grava um disco sozinho e não tem alguém para ajudar nesse processo. Por isso, eu meio que tento me enganar para conseguir alcançar esse resultado.”

Atualmente, Finneas segue com a divulgação de seu mais novo disco colaborativo. Intitulado The Dream, o projeto será lançado pelo duo The Favors, formado pelo próprio cantor e pela artista Ashe. A novidade já tem data marcada para lançamento, que será em 19 de setembro. O disco representa uma continuação de sua trajetória de experimentação musical, agora explorando a dinâmica de parcerias criativas e ampliando ainda mais seu repertório como produtor e compositor.