Controvérsia em Torno do Tylenol: Estado Americano Processa Fabricante
O debate sobre a segurança do paracetamol, conhecido comercialmente como Tylenol, ganhou contornos políticos nos Estados Unidos após o presidente Donald Trump declarar que o remédio poderia “causar” autismo. Essa alegação, sem respaldo científico, levou a uma nova ofensiva jurídica, com o procurador-geral do Texas, Ken Paxton, movendo um processo contra as fabricantes Johnson & Johnson e Kenvue.
A ação acusa as empresas de “ocultar deliberadamente” informações sobre riscos neurológicos supostamente ligados ao uso do paracetamol em gestantes. Paxton, um republicano ultraconservador e aliado de longa data de Trump, declarou que pretende “responsabilizar a Big Pharma por envenenar nosso povo”. No entanto, analistas veem a ação como um incentivo político por trás da disputa interna no Partido Republicano.
Alegações Contra as Farmacêuticas
- O processo argumenta que a Johnson & Johnson teria escondido dos consumidores pesquisas que apontariam uma ligação entre o uso de Tylenol e distúrbios do neurodesenvolvimento, como autismo e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
- A denúncia também afirma que a criação da Kenvue, empresa independente que assumiu as marcas de consumo da Johnson & Johnson em 2023, teria sido uma manobra para evitar responsabilidades legais ligadas a potenciais litígios do Tylenol.
A base científica da controvérsia é uma revisão de 46 estudos que apontaram alguma correlação entre o uso de paracetamol na gravidez e o diagnóstico de autismo ou TDAH em crianças. No entanto, os próprios autores alertaram que correlação não significa causalidade.
O que a Ciência Realmente Diz
Estudos subsequentes, como um grande estudo sueco com 2,5 milhões de crianças, constataram que a associação desaparecia quando os pesquisadores consideravam a genética materna e comparavam irmãos expostos e não expostos ao medicamento. A Administração Federal de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) também revisaram as evidências disponíveis e chegaram à conclusão de que os dados são inconclusivos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que não há evidências científicas conclusivas que confirmem uma possível ligação entre o autismo e o uso de paracetamol durante a gravidez. A comunidade médica também reagiu, com o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas classificando as novas advertências de Trump como “potencialmente perigosas”, lembrando que o Tylenol é o único analgésico amplamente considerado seguro para uso durante a gravidez.
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