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Do desprezo ao Oscar: a ascensão dos filmes de terror em Hollywood

O terror já foi visto como um gênero menor em Hollywood, restrito a produções baratas e relegado a categorias técnicas no Oscar. Mas, nos últimos anos, a maré mudou: filmes sangrentos, ousados e de baixo orçamento começaram a conquistar o público e a crítica, pavimentando um caminho de respeito que hoje coloca o gênero entre os favoritos nas temporadas de premiações.

Durante décadas, o terror foi lembrado apenas pelos sustos fáceis e pelo excesso de sangue. Mesmo quando surgiam obras-primas como O Exorcista (1973), Tubarão (1975) ou O Iluminado (1980), a Academia relutava em reconhecer o gênero com prêmios de peso. A exceção virava notícia, enquanto a regra era o desprezo.

Essa lógica começou a se inverter em 2017, quando Corra!, de Jordan Peele, não apenas estourou nas bilheterias, mas também conquistou quatro indicações ao Oscar — incluindo melhor filme e melhor firetor. O sucesso abriu portas para que cineastas como Ari Aster (Hereditário, Midsommar) e Robert Eggers (A Bruxa, O Homem do Norte) ajudassem a redefinir o terror moderno.

Terror vive momento raro

De lá para cá, o gênero se tornou vitrine para grandes astros e diretores consagrados. Michael B. Jordan brilhou em Pecadores, Sally Hawkins emocionou em Faça Ela Voltar e até Hugh Grant surpreendeu em Herege. Já nomes como Steven Soderbergh e Ryan Coogler se arriscaram no gênero com resultados elogiados — algo impensável em outras décadas.

Outro ponto-chave é o orçamento. Com produções relativamente baratas, o terror permite riscos criativos que blockbusters de super-heróis ou franquias milionárias não ousam. Filmes como Aterrorizante 3 (2024), feito com apenas US$ 2 milhões (R$ 10 milhões) e que faturou mais de US$ 90 milhões (R$ 486 milhões), provam que a ousadia pode render tanto impacto artístico quanto retorno financeiro.

Além disso, o terror serve como espelho de experiências diversas. Seja para discutir identidade de gênero, como em Eu Vi o Brilho da TV (2024), ou mergulhar em folclores e imigração, como em Não Abra! (2023), o gênero se mostra fértil para narrativas universais — compreensíveis até sem legendas, graças à força de sua linguagem visual.

Com A Substância dominando o Oscar de 2025 e apostas como Pecadores e A Hora do Mal cotadas para a próxima temporada, o terror deixou de ser apenas entretenimento de nicho para assumir o posto de protagonista em Hollywood. De desprezado a premiado, o gênero prova que o medo é, hoje, uma das linguagens mais poderosas do cinema.

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