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Como uma erupção vulcânica pode ter causado epidemia de peste bubônica na Europa

A Origem da Peste Bubônica na Europa: Uma Erupção Vulcânica como Gatilho

A Peste Bubônica, uma das maiores epidemias da história, que matou cerca de 60% da população europeia, pode ter sido causada por uma erupção vulcânica, de acordo com uma nova pesquisa publicada na revista Communications Earth & Environment. Essa descoberta sugere que um evento natural desencadeou uma série de consequências que levaram à disseminação da doença.

Os pesquisadores Ulf Büntgen, da Universidade de Cambridge, e Martin Bauch, do Instituto Leibniz de História e Cultura da Europa Oriental, analisaram dados climáticos e registros históricos para entender os fatores que contribuíram para a epidemia. Eles descobriram que uma forte erupção vulcânica em meados do século 14 desencadeou uma onda de verões gélidos na Europa, levando a uma escassez de colheitas e, posteriormente, a uma crise de fome.

Como consequência, os Estados-cidade italianos, como Veneza, Gênova e Pisa, aumentaram o comércio e a importação de alimentos da Ásia Central. No entanto, as precárias condições de higiene nos navios permitiram que as pulgas infectadas com a bactéria Yersinia pestis se espalhassem, contaminando ratos, gatos e seres humanos.

Implicações para o Mundo Moderno

Os pesquisadores utilizaram anéis de árvores e núcleos de gelo para conectar os dados climáticos aos registros históricos. Eles descobriram que a atividade vulcânica foi responsável pelo clima atípico e que a liberação de enxofre na atmosfera pode ter levado ao resfriamento pós-erupção.

As descobertas têm implicações importantes para o mundo moderno, pois mostram como as doenças podem surgir e se espalhar em um mundo globalizado e mais quente. A “tempestade perfeita” de choque climático, fome e comércio que levou à Peste Bubônica serve como um lembrete de que as doenças zoonóticas podem surgir e se espalhar rapidamente em um mundo interconectado.

  • A erupção vulcânica desencadeou uma onda de verões gélidos na Europa.
  • A escassez de colheitas e a crise de fome levaram a um aumento do comércio e da importação de alimentos.
  • As precárias condições de higiene nos navios permitiram que as pulgas infectadas se espalhassem, contaminando ratos, gatos e seres humanos.

Em resumo, a pesquisa sugere que a Peste Bubônica foi causada por uma combinação de fatores, incluindo a erupção vulcânica, a escassez de colheitas, a crise de fome e o comércio. Essa descoberta destaca a importância de considerar os fatores ambientais e climáticos ao entender a disseminação de doenças.

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Um efeito cascata. É assim que uma nova pesquisa, publicada nesta quinta-feira (4) na revista Communications Earth & Environment, define os eventos que precederam a maior e mais devastadora epidemia ocorrida na Europa: a Peste Bubônica. A crise de saúde, que matou 60% dos europeus, teria sido causada por uma espécie de “efeito dominó”, iniciado com uma erupção vulcânica em meados do século 14.
Ulf Büntgen, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, revelou em entrevista à BBC Science que a epidemia era algo que ele queria entender há muito tempo. A partir disso, ele e Martin Bauch, do Instituto Leibniz de História e Cultura da Europa Oriental, dedicaram-se a compreender quais foram os fatores que impulsionam o início da transmissão da doença e quão incomum eles foram no contexto da Europa Medieval.

Ao que as pesquisas indicam, tudo começou com uma forte erupção ou erupções que, por sua vez, desencadearam uma onda de verões gélidos pelo continente europeu em meados da década de 1340. Como consequência, a onda de frio gerou escassez de colheitas que, por sua vez, desencadearam uma crise de fome pela Europa.
A decisão imediata – como se era esperado – foi incentivar o comércio e a importação de alimentos vindos da Ásia Central. A medida parecia razoável, mas era século 14, época em que as navegações eram o principal meio de transporte. Acompanhando os navios, vinham as precárias condições de higiene e as pulgas infectadas com a bactéria Yersinia pestis que, ao desembarcar nos portos de Veneza, Gênova e Pisa, contaminaram ratos, gatos e seres humanos.
“Por mais de um século, esses poderosos Estados-cidade italianos estabeleceram rotas comerciais de longa distância pelo Mediterrâneo e pelo Mar Negro, permitindo-lhes ativar um sistema altamente eficiente para evitar a fome. Mas, no fim, isso levaria inadvertidamente a uma catástrofe muito maior”, observou Bauch.
Implicações para o mundo moderno
Para conectar os dados climáticos aos registros históricos, os pesquisadores analisaram pistas vindas de anéis de árvores e núcleos de gelo – isto é, camadas de gelo antigo que capturaram substâncias químicas de erupções vulcânicas.
As linhas azuis vistas nesta ampliação de um anel de crescimento de árvore correspondem aos anos de 1345 e 1346, os pesquisadores acreditam que sejam evidências de uma erupção vulcânica
Ulf Büntgen
Os resultados comprovaram que a atividade vulcânica foi a responsável pelo clima atípico.Os dados foram analisados em conjunto, principalmente porque os vulcões liberam elevados níveis de enxofre na atmosfera, o que pode ter levado ao resfriamento pós-erupção.
Frente às descobertas, os pesquisadores afirmam que a história da Peste Bubônica tem implicações que se relacionam com o mundo moderno, mesmo passados sete séculos do ocorrido. Essa “tempestade perfeita” de choque climático , fome e comércio serve como um lembrete de como as doenças podem surgir e se espalhar em um mundo globalizado e mais quente.
Os anéis de crescimento das árvores em regiões como a Espanha indicam que os verões de 1345 a 1347 foram excepcionalmente frios
Ulf Büntgen
“Embora a coincidência de fatores que contribuíram para a Peste Negra pareça rara, a probabilidade de surgimento de doenças zoonóticas sob as mudanças climáticas provavelmente aumentará em um mundo globalizado. Isto é especialmente relevante à luz de nossas experiências recentes com a Covid-19”, alertou Büntgen.