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Como jejum periódico pode ajudar no tratamento de câncer de mama, segundo estudo

Jejum Periódico e Tratamento de Câncer de Mama: Um Estudo Promissor

Um estudo recente publicado na revista científica Nature sugere que o jejum periódico pode ser uma ferramenta valiosa no tratamento de câncer de mama, especialmente em casos de tumores ERα-positivos. Essa abordagem, que alterna períodos de alimentação normal com intervalos de restrição calórica, parece capaz de alterar o funcionamento interno das células tumorais, tornando-as mais sensíveis à terapia hormonal e dificultando o surgimento de resistência aos medicamentos utilizados no tratamento.

Os pesquisadores, liderados por Nuno Padrão, do Instituto de Câncer da Holanda, realizaram experimentos detalhados em camundongos para entender como o jejum poderia interferir no processo de crescimento das células cancerígenas. Eles utilizaram técnicas conhecidas como abordagens “multiômicas” para observar alterações em genes, proteínas e vias de sinalização dentro das células.

Alterações no Funcionamento Celular

Os resultados mostram que o jejum provoca uma reprogramação epigenética nas células tumorais, o que significa que o jejum não altera o DNA em si, mas modifica a forma como os genes são ativados ou desligados. Essas mudanças ocorrem por meio de alterações em proteínas chamadas histonas, que funcionam como “carretéis” nos quais o DNA se enrola.

Um dos efeitos centrais dessa reprogramação é a ativação de vias controladas pelos receptores de glicocorticoides. Os glicocorticoides são hormônios produzidos pelo próprio organismo em situações de estresse metabólico, como o jejum. Eles atuam regulando inflamação, metabolismo e resposta ao estresse.

Benefícios e Limitações

Segundo o estudo, a ativação desses receptores durante o jejum reduz a divisão das células cancerígenas e ajuda a impedir que o tumor desenvolva resistência à terapia endócrina. No entanto, é importante notar que o mecanismo não funciona da mesma forma em todos os tipos de câncer de mama. Em tumores chamados triplo-negativos, a ativação dos receptores de glicocorticoides pode não trazer benefício e, em alguns casos, até estimular o crescimento do câncer.

Os pesquisadores também demonstraram que os efeitos benéficos do jejum podem ser reproduzidos com medicamentos, como a dexametasona, que imita os efeitos do jejum quando combinada à terapia endócrina. Isso abre caminho para o reaproveitamento de medicamentos já conhecidos e de baixo custo, como a prednisolona e a hidrocortisona.

Além disso, o estudo destaca o avanço de uma nova geração de compostos chamados moduladores seletivos do receptor de glicocorticoides, que buscam manter os efeitos anticâncer dos glicocorticoides, reduzindo impactos negativos sobre o metabolismo e a imunidade.

Em resumo, o jejum periódico pode ser uma ferramenta valiosa no tratamento de câncer de mama, especialmente em casos de tumores ERα-positivos. No entanto, é fundamental lembrar que os resultados ainda precisam ser confirmados em ensaios clínicos com humanos.

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