Impacto da Seca em Lagoas Amazônicas na Mortalidade de Botos Cor-de-Rosa
A Amazônia está enfrentando um desafio ambiental significativo, com temperaturas em lagos ultrapassando 40°C sob condições de luz solar intensa e céu sem nuvens. De acordo com um novo estudo publicado na revista científica Science, essas massas de água estão se tornando “banheiras ferventes”, aumentando a mortalidade de espécies, incluindo o boto-cor-de-rosa, um símbolo importante do bioma amazônico.
Águas rasas, como as do Lago Tefé, com apenas dois metros de profundidade, sofrem consequências diretas de secas e ondas de calor impulsionadas por mudanças climáticas, deixando os animais incapazes de sobreviver ao superaquecimento. O Lago Tefé, por exemplo, teve uma redução de 75% de sua área de superfície, enquanto o Lago Badajós diminuiu em 90%.
Consequências da Seca
Durante setembro e outubro de 2023, o Lago Tefé enfrentou um cenário assustador, com carcaças de botos-cor-de-rosa e de tucuxis flutuando ao longo das águas. A contagem final foi de mais de 200 golfinhos mortos devido às altas temperaturas. Esse caso mobilizou 42 pesquisadores a investigarem outros corpos d’água na Amazônia.
Os dados coletados mostram que cinco dos dez lagos monitorados apresentaram temperaturas diurnas excepcionalmente altas, acima de 37 °C. No caso do Lago Tefé, verificou-se que ele atinge cerca de 30 °C nos meses mais quentes, mas já chegou a bater 41 °C, com uma variação diurna de temperatura de até 13 °C.
Ameaça às Espécies Nativas
Segundo o estudo, é necessário o desenvolvimento de um monitoramento ambiental nos lagos amazônicos que considerem os avanços das mudanças climáticas na região. A compilação de dados de 24 lagos amazônicos registrados entre os anos de 1990 e 2023 mostrou que as águas desses locais aquecem, em média, 0,6 °C por década, podendo chegar a 0,8 °C em alguns casos.
Um dos principais problemas é a diminuição do volume dos lagos, o que dificulta a sobrevivência de animais que vivem nelas, colocando em risco a sobrevivência de diferentes espécies. “Se isso acontecer repetidamente, as populações desses animais — e das espécies ecologicamente ligadas a eles — irão diminuir drasticamente”, afirma Adrian Barnett, professor de ecologia comportamental na Universidade de Greenwich.
É fundamental que sejam tomadas medidas para monitorar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas nos lagos amazônicos, protegendo a biodiversidade e garantindo a sobrevivência das espécies nativas.
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