Cientista cria cerveja que funciona como vacina e causa controvérsia internacional
Um cientista dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos criou uma cerveja que atua como vacina oral contra um poliomavírus potencialmente perigoso. O virologista Chris Buck, que descobriu quatro dos 13 poliomavírus humanos conhecidos, decidiu testar em si mesmo a viabilidade de uma vacina comestível.
A bebida contém leveduras geneticamente modificadas para produzir partículas semelhantes às do poliomavírus BK, associadas a cânceres e complicações graves em pessoas imunossuprimidas. Ao ingerir a cerveja, Buck afirma ter produzido anticorpos contra diferentes subtipos do vírus, sem efeitos adversos relatados.
Ética, legislação e a fronteira entre alimento e medicamento
Comitês de ética dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA desautorizaram a autoexperimentação no âmbito institucional e questionaram a publicação dos manuscritos em servidores científicos tradicionais. Buck, no entanto, defende que suas ações, realizadas fora do laboratório oficial, dizem respeito à vida privada.
Para contornar restrições, ele fundou a Gusteau Research Corporation, uma organização sem fins lucrativos criada para produzir e consumir a cerveja vacinal fora do contexto do NIH.
- O fermento vivo presente na cerveja pode transportar partículas semelhantes a vírus através do estômago até os intestinos, onde o fermento se rompe para liberar seu conteúdo.
- Buck argumenta que a cerveja poderia ser enquadrada como alimento ou suplemento, já que as leveduras utilizadas são consideradas seguras para consumo.
- Especialistas, porém, alertam que essa interpretação regulatória é polêmica e potencialmente perigosa.
Potencial científico real e riscos reais
O projeto nasceu de pesquisas para uma vacina injetável tradicional contra o poliomavírus BK, conduzidas há mais de 15 anos. Em animais, partículas virais produzidas por levedura despertaram respostas imunológicas robustas.
Se confirmada, a tecnologia poderia levar à criação de vacinas com custo baixo, armazenamento fácil e administração simples até em alimentos, como cerveja. Buck acredita que a abordagem poderia ser aplicada também contra COVID-19, gripe aviária e cânceres associados ao HPV.
Pesquisadores lembram que os dados em humanos se limitam ao próprio Buck e a poucos familiares. Não há estudos clínicos, nem avaliação sistemática de efeitos colaterais.
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