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Chatbot sedutor | Idoso que “namorava com IA da Meta” morre em viagem para vê-la

Um idoso de 76 anos dos EUA morreu após acreditar que iria encontrar uma mulher que conheceu pelo Messenger, mas que na realidade era um chatbot criado pela Meta. Segundo a Reuters, o homem, identificado como Thongbue Wongbandue, desenvolveu apego pela personagem virtual chamada “Big sis Billie”, uma versão de uma IA originalmente lançada em parceria com a influenciadora Kendall Jenner.

Com problemas cognitivos após um AVC, o aposentado passou a trocar mensagens de tom romântico com a suposta “mulher”. A IA chegou a enviar endereço fictício em Nova York e pediu que ele fosse visitá-la. Convencido de que o encontro seria real, Wongbandue saiu de casa à noite com mala de viagem, mas caiu em um estacionamento durante o trajeto e sofreu graves ferimentos. Três dias depois, foi declarado morto no hospital.

Big sis Billie

A persona digital foi apresentada pela Meta em 2023 como uma espécie de “irmã mais velha conselheira”, usando imagem e voz inspiradas em Kendall Jenner. Apesar de ter sido descontinuada oficialmente meses depois, uma variante chamada “Big sis Billie” continuou ativa no Messenger.


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De acordo com os familiares, o chatbot trocava mensagens cheias de insinuações, corações e convites para encontros presenciais. Embora houvesse um aviso de que as respostas eram geradas por inteligência artificial, o alerta rapidamente desaparecia do topo da tela, tornando difícil para usuários vulneráveis perceberem que se tratava de um programa de computador.

Idoso se apaixonou por IA da Meta (Imagem: Unsplash/Julio Lopes)

Especialistas em design de IA ouvidos pela agência alertaram que o modelo de negócios das big techs prioriza engajamento a qualquer custo, inclusive estimulando vínculos emocionais com personagens virtuais. Isso aumenta os riscos para pessoas em situação de fragilidade emocional, como idosos e adolescentes.

Repercussão e debate sobre regulamentação

A morte de Wongbandue levantou discussões sobre a necessidade de leis mais rígidas para o uso de chatbots em redes sociais. Estados como Nova York e Maine já exigem que plataformas avisem regularmente que seus avatares não são pessoas reais. No entanto, não há uma legislação federal nos EUA que padronize essas regras.

Enquanto isso, a família do aposentado afirma que deseja apenas alertar a sociedade sobre os perigos. Para eles, o problema não está na existência de companhias digitais, mas no fato de que a Meta permitiu que a IA mentisse sobre sua identidade e incentivasse encontros presenciais.

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