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Columbus, Ohio
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Casa Daia: silêncio, vento e a arte de viver devagar

Casa Daia: Um Refúgio de Silêncio e Beleza Natural

A Barra dos Remédios, localizada no litoral oeste do Ceará, é um destino ainda pouco explorado, onde dunas móveis se encontram com manguezais, carnaúbas, restingas, lagoas e um mar de azul profundo. É aqui que se encontra a Casa Daia, um oásis arquitetado segundo os princípios do turismo regenerativo, pensado para existir em harmonia com o ritmo natural do território.

Ao chegar à Casa Daia, é impossível não ser impactado pela luz e pelo vento forte que caracterizam a região. O caminho até a pousada é de areia solta, e os primeiros encontros são com animais, como porquinhos que circulam livres pelas ruas. A arquitetura da Casa Daia é leve e integrada ao meio ambiente, com bangalôs luxuosos e exclusivos implantados em clareiras naturais, ventilação cruzada e mínima interferência no ecossistema.

Atividades e Experiências

A Casa Daia oferece uma variedade de atividades e experiências que permitem aos hóspedes se conectar com a natureza e a cultura local. É possível passear pela região, mergulhar na cultura local, praticar bioconstrução, fazer passeios de caiaque pelo Rio dos Remédios, trilhas entre carnaubais e restingas, e áreas de vegetação nativa. Além disso, a Casa Daia também oferece aulas de culinária, onde os hóspedes podem aprender a preparar pratos locais com ingredientes frescos.

Uma das experiências mais inesperadas da viagem foi visitar o apiário, onde pude aprender sobre a produção de mel e a importância das abelhas para o ecossistema. A gastronomia da Casa Daia também é um destaque, com um menu assinado pelo chef Fábio Vieira que trabalha ingredientes locais com sofisticação sem perder a alma nordestina.

Conclusão

A Casa Daia é um refúgio de silêncio e beleza natural, onde é possível desacelerar e se conectar com a natureza e a cultura local. Com suas acomodações luxuosas e exclusivas, atividades e experiências variadas, e gastronomia deliciosa, a Casa Daia é um destino perfeito para quem busca um retiro tranquilo e inspirador. Quatro dias ali foram suficientes para entender que o tempo, quando desacelera, mostra coisas que a pressa não deixa ver.

  • A Casa Daia é um oásis arquitetado segundo os princípios do turismo regenerativo.
  • A região oferece uma variedade de atividades e experiências, como passeios de caiaque e trilhas.
  • A gastronomia da Casa Daia é um destaque, com um menu assinado pelo chef Fábio Vieira.

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Cheguei à Barra dos Remédios depois de duas horas de estrada partindo do aeroporto de Jericoacoara, observando pela janela como o cenário ia mudando até se desfazer por completo em areia. A região pertence a Camocim, no litoral oeste do Ceará, um trecho ainda pouco explorado do estado, onde dunas móveis se encontram com manguezais, carnaúbas, restingas, lagoas e uma faixa de mar de azul profundo. A Casa Daia fica ali, ocupando cerca de 220 hectares de natureza preservada — um oásis arquitetado segundo os princípios do turismo regenerativo, pensado para existir sem ferir o ritmo natural do território.
Quando coloquei o pé no chão, senti o impacto imediato da luz. O vento forte, o cheiro de maresia que abre o pulmão, aquele sol de estalar que só se sente no Nordeste. O caminho até a pousada é de areia solta, e o primeiro encontro não é com pessoas, mas com animais. Porquinhos circulam livres pelas ruas, como se fossem parte da identidade visual dali. Os cachorros ficam dentro das casas, onde é mais fresco. O mundo exterior pertence às árvores que brotam mesmo na areia mais fina e ao barulho quase constante do vento.
A Casa Daia conta com bangalôs luxuosos e exclusivos
Divulgação
A Casa Daia parece ter sido desenhada pelo próprio terreno. A arquitetura usa estruturas leves de madeira e madeira laminada, com bangalôs implantados em clareiras naturais, ventilação cruzada e mínima interferência no ecossistema. São apenas sete acomodações – três suítes na casa principal e quatro bangalôs amplos e luxuosos, cada um com sua jacuzzi privativa, deck e uma sensação íntima que pode facilmente ganhar contornos românticos. À noite, a iluminação baixa, na altura dos pés, cria uma atmosfera quase cinematográfica. Nada ali tenta disputar protagonismo com a paisagem; tudo está a serviço dela.
Cenas de um dia comum na Barra dos Remédios
Thyago Furtado/Acervo Pessoal
Eu, que sou naturalmente acelerado, senti o corpo desacelerar logo no primeiro dia. O silêncio do lugar é diferente do silêncio de cidade grande. Não é ausência de carros ou buzinas; é ausência de qualquer ruído humano. Por muitas vezes, o único som que se ouvia era o vento atravessando a vegetação e a areia. Era como se o tempo tivesse outra medida, e eu tivesse sido convidado a respeitá-la.

Durante sua estadia pela Barra dos Remédios, vale passear pela região e mergulhar mais na cultura local
Thyago Furtado/Acervo Pessoal
Fiz quase todas as atividades oferecidas e entendi como o hotel usa o território como aula viva. A Casa Daia parte da ideia de que se viaja não para ocupar um lugar, mas para aprender com ele. Passei por bioconstrução, por um passeio de caiaque pelo Rio dos Remédios, pelas trilhas entre carnaubais e restingas, pelas áreas de vegetação nativa. O vento batia forte e o esforço físico se misturava com a contemplação quando a mudança dos biomas começava a se revelar: mangue, seringueiras, água espelhada. Uma das paisagens mais impressionantes que já vi.
Da casa de praia da Casa Daia é possível contemplar um lindo pôr do sol
Divulgação
Dirigir o quadriciclo pela beira da praia parecia inicialmente uma atividade simples, mas acabou abrindo uma sensação inesperada de liberdade. A areia fina passando rápido pelas rodas, o mar ao lado, o vento no peito. No meio do caminho, um dos lagos mais bonitos da região apareceu como recompensa. Mas nada superou subir as dunas no último dia. Lá de cima, a vista parecia uma síntese de todos os trajetos, como se eu pudesse observar de uma só vez tudo o que havia vivido ali. Quem gosta de vento descobre rápido que a Barra dos Remédios é um dos melhores lugares do país para kitesurfe. Não à toa, muitos hóspedes vão especificamente para isso.
É possível acompanhar a coleta de sururu e depois saborear as iguarias preparadas fresquinhas
Divulgação
O apiário acabou se tornando uma das experiências mais inesperadas da viagem. Vesti aquela roupa amarela – um pouco intimidante – e segui com o apicultor local Marcilon, que me guiava por cada etapa com a paciência de quem realmente ama o que faz. Ele me mostrou como as abelhas são acomodadas nas caixas, como elas constroem os favos e de que forma a colmeia se organiza sozinha, quase como uma pequena cidade em movimento. Depois caminhamos até a área onde acontece a extração do mel, onde aprendi o processo inteiro: o momento certo de recolher os quadros, o cuidado para não interromper a produção, a forma como eles mantêm tudo alinhado aos princípios de turismo e manejo regenerativo. É um trabalho delicado, circular, que depende do ritmo da natureza, e que eles fazem questão de manter transparente para quem visita.
A piscina da Casa DAia
Divulgação
Visita às dunas
Acervo Pessoal
A gastronomia da Casa Daia é um capítulo à parte. O menu assinado pelo chef Fábio Vieira trabalha ingredientes locais com sofisticação sem perder a alma nordestina. Sou apaixonado por crudos, e o deles — peixe fresco com ponzu de cajuína, furikake de farinha de puba e picles de cebola — poderia facilmente virar meu vício diário. O prato vegano, um fettuccine ao molho de tomates com requeijão de castanha de caju e manjericão, foi a maior surpresa. Para quem quiser se aventurar mais, a carne de sol e a lagosta na brasa também merecem espaço.
O menu é assinado pelo chef Fábio Vieira
Divulgação
O pôr do sol que vi na casa de praia parecia cena de filme. Sentei diante da vista, esperando que algo acontecesse, até perceber que a própria espera era o acontecimento. A luz dourada descia devagar, a areia voava como fumaça leve, e tudo parecia retirado de um filme do cineasta Karim Aïnouz. Ali entendi pessoalmente o que ele captura tão bem nos filmes: beleza que nasce do vento. Quatro dias ali foram suficientes para entender que o tempo, quando desacelera, mostra coisas que a pressa não deixa ver. @casadaia
Interior de um dos bangalôs
Divulgação
O banheiro conta com arquitetura luxuosa e espaço para relaxamento
Divulgação
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