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Banco do Brasil está no radar, mas não por agora; saiba a estratégia da Apex Capital

Os sócios da Apex Capital, Fábio Spínola e Paulo Weikert, foram claros sobre onde estão enxergando as maiores oportunidades na Bolsa brasileira. Segundo eles, o setor bancário segue sendo um porto seguro para investidores que buscam retornos consistentes, independentemente do humor do cenário macroeconômico.

“O setor de bancos no Brasil sempre apresentou retornos muito acima do custo de capital e acreditamos que isso vai continuar”, afirmou Spínola, durante episódio do Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo. Ele destacou que, mesmo com algumas ações em patamares altos de preço, o múltiplo de negociação ainda é atrativo.

O caso do Itaú (ITUB4) foi citado como exemplo: negociado a cerca de sete vezes o lucro estimado para o ano que vem e oferecendo dividendos próximos de 9%, o banco apresenta, na visão da gestora, um “carrego positivo”, combinando remuneração ao acionista, geração de caixa e potencial de crescimento.

Banco do Brasil: banco é visto com cautela

Entre os grandes bancos, o Banco do Brasil (BBAS3), por sua vez, é visto com cautela. A Apex acredita que as revisões de lucro para baixo ainda não terminaram. As declarações foram dadas antes da divulgação dos resultados.

“No início do ano, o consenso era de R$ 40 bilhões de lucro; agora está em R$ 25 bilhões, mas pode cair para R$ 20 bilhões ou até R$ 18 bilhões. Enquanto esse movimento continuar, a ação deve ter desempenho pior que Itaú e Bradesco (BBDC4)”, avaliou Weikert.

A redução nos lucros também afeta o fluxo de dividendos, um dos principais atrativos para o investidor pessoa física no papel. “Se o lucro cair para 20 bilhões, o dividendo pode cair de 11% para 5%”, disse Spínola, lembrando que isso pode gerar uma onda de vendas.

A gestora reconhece que o banco negocia em múltiplos historicamente atrativos em relação ao patrimônio líquido, mas reforça que não é hora de entrar.

“Quando tivermos visibilidade de estabilização do lucro, pode ser um grande ponto de compra. Mas acreditamos que ainda não chegamos lá”

— Paulo Weikert, da Apex Capital

Mesmo assim, ele não descarta mudar de posição rapidamente, caso o cenário mude.

“O grande catalisador é o lucro. Se as revisões pararem de cair, podemos virar a mão e adicionar Banco do Brasil.”

— Paulo Weikert, da Apex Capital

Empresas sólidas

Para Spínola, de forma geral, o segredo para o investimento na bolsa, está em entender que, mesmo que o índice não avance, empresas sólidas podem entregar retornos expressivos ao compor lucros ano após ano.

“Você está ali acumulando. De repente, muda o governo, entra um mais responsável fiscalmente e o múltiplo pode saltar de sete para 13 vezes, gerando ganhos consistentes.”

— Fábio Spínola, da Apex Capital

A estratégia, no entanto, exige paciência e perfil de longo prazo. “É preciso ter estômago para deixar o dinheiro alocado, sem precisar dele no curto prazo”, alertou.

Fora de commodities

Na hora de decidir onde investir, a Apex prioriza casos com forte assimetria de risco e retorno.

“Se algo der errado, essa empresa tem muito a perder? Ela está alavancada? Consegue crescer mesmo com juro alto ou economia fraca? Se a resposta for sim, é onde a gente quer estar”, explicou Weikert.

Segundo ele, o momento atual lembra um “supermercado em Black Friday”, com múltiplos baixos e oportunidades espalhadas.

Ainda assim, há setores que a gestora prefere evitar — principalmente o de commodities, cujo desempenho depende mais do cenário global do que do doméstico.

No caso do minério de ferro, por exemplo, a Apex projeta menor demanda da China nos próximos anos, enquanto a oferta tende a aumentar.

“O balanço de oferta e demanda não nos parece favorável”, disse Weikert.

Em um cenário ruim para o Brasil, empresas exportadoras poderiam até se defender melhor, mas a gestora entende que hoje há ativos domésticos com mais potencial.

Uma exceção é a Klabin (KLBN11), que entrou recentemente no portfólio.

“Apesar de ser do setor de commodities, é muito ligada ao mercado interno, com receita resiliente e geração de caixa atrativa”, afirmou Spínola, citando free cash flow yield acima de 12% para 2025.

Embraer

Além dos bancos privados, a Apex vê boas perspectivas para a Embraer (EMBR3). A companhia, que negocia perto de 10 vezes o EBITDA, tem um “livro de pedidos bastante grande”, o que garante visibilidade de geração de caixa nos próximos anos.

“Os produtos (da Embraer) são muito bons e cerca de 40% da receita vem de serviços, o que traz estabilidade.”

— Fábio Spínola, da Apex Capital

A empresa enfrentou volatilidade com a recente guerra tarifária, que elevou temporariamente o imposto de importação de 10% para 50%, derrubando as ações. Com a taxa voltando ao patamar original, os papéis reagiram.

Para a Apex, o conjunto de backlog robusto, diversificação de receitas e qualidade dos produtos mantém a Embraer como uma posição estratégica. “É um caso em que conseguimos aliar qualidade com potencial de retorno consistente”, concluiu Weikert.

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