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Ata do Fed, balanço da Target, falas de Haddad e Tarcísio: os destaques desta 4ª

A agenda econômica desta quarta-feira (20) reserva atenção especial para os Estados Unidos. Às 15h, será conhecida a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve, o banco central norte-americano. O documento costuma trazer pistas sobre os próximos passos da política monetária, especialmente em relação aos juros, que permanecem em foco após meses de aperto financeiro.

No campo corporativo, Investidores aguardam os resultados das varejistas americanas Target, Lowe’s e TJX Cos.. Os resultados devem indicar como empresas e consumidores estão reagindo às tarifas do presidente Donald Trump. Na véspera, a Home Depot superou as expectativas de lucro, com o avanço das vendas nos EUA impulsionando suas ações.

No Brasil, o destaque da agenda é a divulgação do fluxo cambial semanal às 14h30 pelo Banco Central. O dado mostra a entrada e saída de dólares do país, sendo acompanhado por investidores para avaliar a pressão sobre a taxa de câmbio.

Após uma sessão marcada por forte queda na véspera, com o Ibovespa recuando mais de 2% em meio à derrocada de ações de grandes bancos, que encerraram o dia com perdas acumuladas de R$ 41,98 bilhões em valor de mercado para Itaú (ITUB3; ITUB4), BTG Pactual (BPAC11), Bradesco (BBDC3;BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander Brasil (SANB11), segundo levantamento da consultoria Elos Ayta. O movimento ocorreu depois da visão de uma “encruzilhada” para as instituições financeiras com os ruídos desencadeados pela decisão do ministro Flávio Dino, do STF, na segunda-feira (18) de que leis e decisões estrangeiras não se aplicam a brasileiros no Brasil.

O que vai mexer com o mercado nesta quarta

Agenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa às 14h, do seminário FAZ GRCI – Governança, Risco, Controle e Integridade. Mais tarde, das 17h às 18h, tem reunião com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

O governador de São Paulo e possível candidato à Presidência, Tarcísio de Freitas, participa às 18h de um evento promovido pelo Santander.

O presidente Lula recebe às 9h30, no Palácio da Alvorada, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; da presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; e da presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Às 15h, recebe a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, e às 16h, encontra-se com o secretário especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcelo Weick Pogliese, também no Palácio da Alvorada.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa das 9h30 às 17h, da primeira sessão da 62ª reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef). Em seguida, das 17h às 18h, tem reunião com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB), no mesmo local (fechado à imprensa).

Nos Estados Unidos, Christopher Waller, do Federal Reserve, discursa em evento ao meio-dia, enquanto às 16h Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, participa de painel sobre economia.

    
Brasil

  • 14h30 – Fluxo cambial (semanal)                  –

EUA

  • 11h30 – Estoques de petróleo (AIE) semanal
  • 15h – Ata do Fomc       

INTERNACIONAL

Retorno

Após o Brasil acionar os EUA na OMC contra as tarifas de Donald Trump, Washington aceitou abrir consultas, mas alegou que parte das queixas envolve segurança nacional e não pode ser revisada pela entidade. A decisão abre espaço para negociações diretas entre os dois países, embora o Itamaraty afirme que o diálogo com Washington está bloqueado. Se não houver acordo, o Brasil poderá pedir a abertura de um painel, processo que pode se estender por até 18 meses.

Reunião bilateral

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou nesta terça-feira (19) que estão em andamento planos para uma reunião bilateral entre os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. Segundo ela, existem “muitas opções” em discussão, mas sem definição de local. Leavitt ressaltou que a ideia evoluiu de conversas entre os líderes e foi considerada um “primeiro passo” por autoridades europeias. Ela destacou ainda que Donald Trump apoia que Rússia e Ucrânia negociem diretamente, sem a presença dos Estados Unidos.

Na surdina

O presidente Donald Trump ampliou as tarifas sobre aço e alumínio, incluindo mais de 400 produtos de consumo, como motocicletas e cadeirinhas infantis. A medida passou a valer de imediato, sem aviso para cargas já em trânsito, pegando importadores de surpresa. Segundo a Alfândega americana, a cobrança pode chegar a US$ 328 bilhões em mercadorias, valor seis vezes maior que em 2018. Enquanto grandes siderúrgicas apoiam a decisão, pequenos importadores alertam para custos inviáveis.

Mais cara

Os preços da carne bovina nos Estados Unidos bateram recordes em julho, pressionados por estoques reduzidos e tarifas de importação impostas pelo governo Trump. O preço médio da carne moída chegou a US$ 6,34 por libra (R$ 76/kg), enquanto bifes crus atingiram US$ 11,88/lb (R$ 143/kg), ambos em máximas históricas. Com a tarifa de 50% sobre o Brasil, que fornecia 27% da carne importada, o USDA prevê queda na oferta até 2026 e redes de fast-food já relatam dificuldades.

Milicianos nas ruas

Após o governo Trump dobrar a recompensa por sua captura e lançar uma operação antidrogas no Caribe, Nicolás Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos. O presidente disse que implementará um “plano especial” de segurança para todo o território, com milícias armadas em zonas rurais, fábricas e centros comunitários. A medida eleva a tensão entre Caracas e Washington, em meio a acusações dos EUA de narcotráfico contra Maduro.

ECONOMIA

Acordo

Os governos do Brasil e da Indonésia acertaram os requisitos sanitários para permitir a exportação de carne bovina com osso, miúdos, produtos cárneos e preparados de carne brasileiros, informou nesta terça-feira (19) o Ministério da Agricultura. A Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, com cerca de 283 milhões de habitantes, é considerada estratégica para a proteína animal. Com o acordo, o agronegócio brasileiro soma 402 aberturas de mercado desde o início de 2023.

Prioridade

A prioridade do governo é ampliar o número de produtos brasileiros excluídos da tarifa de 50% imposta pelos EUA por ordem de Donald Trump, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele disse que o tarifaço “não faz sentido”, já que a taxa média aplicada pelo Brasil a produtos americanos é de 2,7% e muitos entram com alíquota zero. Alckmin ainda reforçou a relevância do mercado americano para exportações industriais e defendeu o avanço da reforma administrativa no Brasil.

Taxação

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu na terça-feira (19) aumentar a taxação das bets e direcionar a arrecadação extra ao combate à ludopatia, doença reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Em audiência no Senado, ela afirmou que as empresas arrecadam bilhões e devem contribuir mais para a saúde. O governo propôs elevar a alíquota do GGR (Gross Gaming Revenue) de 12% para 18%.

Contas a pagar

Um estudo da Serasa Experian aponta que 70,5% da renda dos brasileiros está comprometida com contas a pagar, sobrando em média R$ 968 por mês para novas despesas. O comprometimento é maior entre quem ganha até um salário mínimo, chegando a 90,1%, e menor para rendas acima de dez salários mínimos, com 58,2%. Apesar disso, a fatia de renda comprometida vem caindo desde 2022, de 72,3% para 70,5% em 2025.

POLÍTICA

Almoço

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na terça-feira (19) com lideranças do Republicanos, incluindo Hugo Motta, Marcos Pereira, Silvio Costa Filho e Gilberto Abramo. Apesar de ter um ministro no governo, o partido não se considera base fiel, mas tem apoiado a pauta econômica de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O encontro é visto como resposta ao convite do presidente e segue uma série de reuniões recentes com partidos de centro, como MDB, PSD e União Brasil.

Punição

Após o motim de deputados bolsonaristas que paralisou a Câmara, a Mesa Diretora apresentou o Projeto de Resolução nº 63 de 2025 para endurecer o Código de Ética e o Regimento Interno. A proposta prevê punições para agressões, obstrução de votações e ocupação da mesa, com sanções que vão da suspensão temporária à perda de mandato. O texto ainda dá ao presidente da Câmara poderes para aplicar medidas imediatas em casos flagrantes, acelerando a tramitação de processos de quebra de decoro.

Novo despacho

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), emitiu novo despacho ontem para esclarecer que sua decisão que limita a eficácia automática de leis e ordens estrangeiras não se aplica a tribunais internacionais reconhecidos pelo Brasil. Ele reforçou que qualquer ato de países estrangeiros só produz efeitos no país se houver homologação pela autoridade brasileira, protegendo empresas, cidadãos e contratos nacionais. Dino também determinou a notificação de órgãos financeiros e informou que cidadãos prejudicados por imposições internacionais podem acionar diretamente o STF.

PGR

A Procuradoria-Geral da República (PGR) está analisando a extensão da Lei Magnistky antes de se manifestar na ação que está sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin e que pede à Corte para proibir os bancos de aplicarem a norma dos Estados Unidos no Brasil. 

Apresentado em julho pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), o processo busca impedir que sanções atinjam o ministro Alexandre de Moraes. A ação foi encaminhada à PGR para um parecer por Zanin e, segundo O GLOBO apurou, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, está avaliando os temos da ação. Não há previsão para que o parecer seja apresentado.

Canetada

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que Dino tentou barrar os efeitos da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes por meio de uma “canetada”. Ele criticou a decisão como afronta à soberania americana e comparou a medida a tentar revogar a lei da gravidade. A ação de Dino, que exige aval da Corte para que decisões estrangeiras tenham validade no Brasil, foi interpretada como reação às sanções dos EUA e provocou críticas de bolsonaristas.

Rejeição

Ministros do STF foram aconselhados a abrir contas em cooperativas de crédito para se proteger de efeitos da Lei Magnitsky, que bloqueia bens e contas nos EUA, segundo a Folha de S.Paulo. A sugestão visava evitar punições ao Banco do Brasil, mas magistrados rejeitaram a ideia por considerarem capitulação e afronta à soberania brasileira.

Sem sanções

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que a instituição não será afetada pela aplicação da Lei Magnitsky pelos EUA, ressaltando que o banco não tem correntistas nem exposição a sanções estrangeiras. Ele disse ainda que a decisão do ministro Flávio Dino garante que cidadãos e empresas brasileiras não sofram efeitos de leis estrangeiras em território nacional. Mercadante afirmou que o BNDES está preparado para apoiar empresas afetadas pelo tarifaço norte-americano, usando experiência anterior em programas de socorro.

Adultização

Deputados bolsonaristas ameaçam obstruir a votação do PL 2628/2022, que prevê proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital, alegando que o projeto promove censura às redes sociais. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defende a aprovação do requerimento de urgência na terça-feira e do mérito na quarta, apontando a importância da pauta para a sociedade. Relatores e aliados do governo Lula afirmam que o texto não visa censura, mas estabelece mecanismos para prevenir exploração sexual, bullying e vício on-line entre menores.

(Com Reuters e Estadão

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