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Americano dá volta ao mundo em tempo recorde e entra para o Guinness


Quase todas as manhãs, por mais de um ano, o americano Michael Zervos acordou em um novo país. Aos 35 anos, o cineasta de Detroit, com dupla cidadania grega, decidiu enfrentar um desafio inusitado: visitar todos os países soberanos do planeta no menor tempo possível. O resultado disso? Um feito histórico que lhe rendeu dois títulos no Guinness World Records e histórias que superam o turismo convencional.
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Entre janeiro de 2024 e maio de 2025, o homem percorreu 193 países em apenas 498 dias – estabelecendo o recorde de viagem mais rápida tanto na categoria geral quanto na masculina. Ele supera o brasileiro Robson Jesus, que visitou o mesmo número de nações em 543 dias.
Mas a façanha não foi só um exercício de resistência ou logística. A jornada do americano deu vida ao Projeto Kosmos, uma iniciativa concebida durante a pandemia de Covid-19, quando ele enfrentava a depressão e buscava entender o que torna a vida feliz.
“Perguntei a mim mesmo: e se eu criasse uma única pergunta para fazer a todos que encontrasse no mundo: ‘Qual foi o momento mais feliz da sua vida?’”, lembra Zervos, em entrevista ao Guinness World Records, divulgada em 29 de agosto. “Percebi que essas respostas poderiam se tornar um elo entre culturas, revelando nossas semelhanças mais profundas.”
Ao longo do caminho, ele coletou depoimentos comoventes, de pessoas que celebravam pequenas vitórias, como abraçar o gato de estimação, até grandes conquistas, como receber as chaves da primeira casa. Isso resultou em uma série de vídeos que capturam lágrimas, sorrisos e memórias compartilhadas, um mosaico da humanidade que ele pretende transformar em livro. Veja:
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Uma volta ao mundo com propósito
A preparação para a aventura levou cerca de um ano e meio. Parte dela foi mantida em segredo até mesmo da família, pois Zervos temia que a ideia não saísse do papel. Quando começou a contatar patrocinadores e antigos recordistas, recebeu apoio imediato, e logo sua agenda estava traçada, com voos, conexões e roteiros prontos para a maratona.
Sua experiência como diretor de cinema ajudou a estruturar a logística: “Cada projeto anterior me deu confiança de que era possível. Era assustador, mas eu sabia que poderia quebrar o recorde com a preparação certa.”
Ele partiu em 17 de janeiro de 2024. Seu destino inicial foi Paris, na França, onde fez uma conexão antes de ir para a Rússia. De lá, sua jornada o levaria por desertos africanos, mercados asiáticos, ilhas do Pacífico e cidades vibrantes da América Latina e no Caribe.
Por onde passava, Zervos era impactado pelas pessoas e pela cultura local. A gastronomia, as celebrações típicas e a arquitetura ganharam um grande destaque em diversas passagens de seu diário de viagem.
Ele indica, por exemplo, que foi recebido no Chade como um velho amigo por desconhecidos que lhe ofereceram transporte e abrigo. No Sudão do Sul, descreveu a atmosfera como “eletrizante, com alegria e resiliência em partes iguais”. No Oriente Médio, deixou-se impressionar pela beleza de mesquitas e pela dualidade de cidades “pintadas em tons de ferrugem e ouro”.
Na China, experimentou hospitalidade calorosa e degustou pratos caseiros com famílias locais. No Japão, rendeu-se à culinária em pequenos restaurantes de estrada. Na Oceania, viveu experiências emocionantes, como o reencontro inesperado com uma mulher das Ilhas Marshall que, mesmo doente, fez questão de se despedir antes de sua partida.
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Cada parada era registrada em anotações e vídeos. Neles, o explorador refletia sobre contrastes entre culturas, sobre a generosidade de estranhos e sobre como a comida, a música e a memória moldam identidades.
Zervos não se limitou a observar. Em várias regiões, participou de ações comunitárias, como na ajuda de distribuição de alimentos em aldeias do Sudão do Sul, no diálogo com grupos de mulheres em Fiji e no apoio de iniciativas culturais locais. Seu lema durante a viagem virou retribuir a hospitalidade recebida.
Mesmo em meio ao cansaço (que se intensificou na reta final, no Caribe e no México), ele manteve o entusiasmo. “Estava fisicamente exausto, mas emocionalmente revigorado. Grato a todos que abriram seus corações, carteiras e braços para mim”, escreveu em seu diário nos últimos dias, já no início de 2025.
Retorno para casa
No dia 30 de maio de 2025, Zervos embarcou no voo final de sua volta ao mundo, de Toronto, no Canadá, para Detroit, nos Estados Unidos. Ainda no aeroporto, ele foi recebido por amigos e familiares com lágrimas e aplausos.
Mais do que um recordista, Michael Zervos retorna como cronista da humanidade. Sua aventura comprova que, em cada canto do planeta, a busca pela felicidade é o fio invisível que une pessoas de diferentes culturas. Agora, com o Projeto Kosmos transformando-se em livro e em uma série de vídeos, ele espera compartilhar com o mundo não apenas os lugares que conheceu, mas as emoções que descobriu.