A Juventude Cansada: O Novo Rosto do Mal-Estar
Um estudo recente publicado na revista PLOS ONE revelou uma mudança significativa na curva da felicidade humana. Em vez de seguir o padrão tradicional em formato de U, onde a felicidade diminui na meia-idade e aumenta na velhice, os jovens agora relatam níveis mais altos de angústia e esgotamento do que os adultos e idosos.
Os pesquisadores analisaram dados de dezenas de países e descobriram que a tristeza, a ansiedade e o mal-estar psíquico não atingem mais seu ponto máximo na meia-idade, mas na juventude. Isso sugere que o sofrimento deixou de ser o meio da jornada e passou a ser o ponto de partida.
Causas do Mal-Estar
Os autores do estudo sugerem que essa inversão está ligada a múltiplos fatores, incluindo:
- O impacto psicológico da pandemia
- O uso excessivo de telas e redes sociais
- A precariedade econômica
- A pressão estética e profissional
- A solidão crescente e o colapso das formas tradicionais de vínculo
Esses fatores contribuem para um retrato social em que a juventude tornou-se o território onde o mal-estar se instala com mais força.
Leitura Psicanalítica
A leitura psicanalítica dessa mudança revela algo essencial sobre o sujeito contemporâneo. A juventude de hoje nasce sob a tirania da exposição, onde o desejo deve ser não apenas vivido, mas mostrado. Isso leva a uma hiperconsciência de si, uma busca ansiosa por validação e um mal-estar difuso.
O estudo revela um novo tipo de sofrimento psíquico, moldado por uma cultura que transformou o ideal de felicidade em obrigação moral. O mal-estar moderno é o de um sujeito que precisa parecer pleno mesmo quando está em ruína.
A psicanálise não oferece promessas de felicidade, mas abre espaço para que o sujeito se reconcilie com a própria incompletude. Talvez seja disso que precisemos agora: menos euforia, mais elaboração; menos imagem, mais palavra.
Este conteúdo pode conter links de compra.
Fonte: link