Resenha do Álbum “Feitiço” de Bixarte
O álbum “Feitiço”, da rapper, poeta e atriz paraibana Bixarte, é um manifesto de fé, diversidade e resiliência. Com a produção de Big Jesi, o disco promete ser lançado em 21 de novembro e traz uma mensagem poderosa de autoafirmação e resistência.
A faixa de abertura, “Não foi sorte”, já apresenta a essência do álbum, com Bixarte declarando “Não caio / Se cair, só caio de pé” sobre uma batida de tambor que rege a música. Essa faixa é uma união com a travesti afro-indígena Ayô Tupinambá, integrante de um time de convidados que valoriza a diversidade.
A Identidade e a Mensagem
Bixarte, cujo nome artístico conjugam a vocação para fazer arte e a expressão de identidade social associada ao universo das travestis e pessoas trans, marca posição com o discurso altivo de raps como “Máfia”. Essa música é um petardo atirado contra a hipócrita sociedade heteronormativa em que muitos homens casados se relacionam às escondidas com travestis.
O álbum “Feitiço” é um sucessor do álbum “Traviarcado” (2023) na discografia de estúdio da artista e soa como um manifesto de fé e resiliência. Bixarte, que já valorizou a encenação da peça “Ao vivo [Dentro da cabeça de alguém]” com sua forte presença cênica, agora traz essa mesma energia para o mundo da música.
A Diversidade Musical
O álbum apresenta uma diversidade musical, com batidas de rap, grooves de afrobeat e incursão pelo universo do forró eletrônico do século XXI. Bixarte faz feat com várias artistas, como Lucy Alves em “Ibiza”, Monna Brutal no tom explosivo do rap “Gasolina”, e reafirma a fé afro religiosa em “Exu”, juntando a cirandeira Vó Mera e o rapper paulistano Emicida.
- “Tentação” é uma das faixas que dominam a cena no pulso frenético de raps.
- “Como me olhas” é uma música sensual gravada com Johnny Hooker.
- “Calma, filha” sereniza o beat para se impor no baile.
Na segunda metade do álbum, Bixarte se permite curtir a paixão de “Culpa” e, com alusão a versos do samba “Maricotinha” (Dorival Caymmi, 1994) na letra, “Oceano” joga o álbum na calmaria do mar da ancestralidade, pedindo benção aos santos e orixás.
No arremate do álbum, “Kaô kabecilê” pede justiça ao orixá Xangô, repondo o tambor no centro da sonoridade de disco em que Bixarte bate cabeça em reverência à fé nas religiões de matriz afro-brasileira. “Feitiço” é, em essência, um manifesto político de resistência entre as batidas extrovertidas das pistas e os calores íntimos das madrugadas.
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