As ilhas oceânicas surgem a partir de uma série de processos evolutivos, ecológicos e biogeográficos. Por isso, é comum que elas consigam abrigar espécies exclusivas e únicas, que não podem ser encontrada em nenhum outro local do planeta. Um estudo publicado na revista científica Peer Community Journal na última semana analisou 7 mil espécies de peixes de recife em 87 mil ilhas e arquipélagos mundiais. Com isso, descobriram que as ilhas brasileiras estão entre as mais importantes do mundo devido ao seu endemismo marinho (presença de espécies únicas). De acordo com o estudo, esses ecossistemas têm sido subestimados historicamente. Por isso, há poucas políticas públicas e estratégias de conservação das espécies endêmicas nesses locais. Entre as ilhas oceânicas brasileiras, o endemismo marinho foi observado principalmente em Fernando de Noronha, Trindade e São Pedro e São Paulo. “Percebemos que as ilhas brasileiras possuem uma importância muito maior do que pensávamos. Elas quase não eram citadas quando se falava em endemismo, mas nossos dados e novas interpretações mostram que são verdadeiros laboratórios naturais da evolução das espécies”, afirma Hudson Pinheiro, pesquisador do Centro de Biologia Marinha da USP (CEBIMar), em comunicado. Além de pesquisar sobre endemismo marinho, a equipe definiu como “endemismo insular-provincial” para se referir às espécies que estão presentes em vários arquipélagos de uma mesma região biogeográfica, mas não habitam outras áreas continentais. Aproximadamente 40% das espécies endêmicas estão distribuídas em locais restritos e se enquadram no conceito denominado pelo estudo. As principais espécies das ilhas oceânicas brasileiras Os peixes Choranthias salmopunctatus e Prognathodes obliquus são endêmicos da ilha São Pedro e São Paulo, que se encontra a 1.100 quilômetros de distância de Natal, no Rio Grande do Norte. Neste arquipélago, a biodiversidade populacional dos animais marinhos se concentra em recifes rochosos. Algumas espécies de peixes da ilha também são encontradas em Fernando de e Atol das Rocas, no Pernambuco. Esses animais estão adaptados a condições oceânicas específicas da costa brasileira e desempenham um papel importante nesse ecossistema. Veja imagens do Choranthias salmopunctatus e do Prognathodes obliquus: Choranthias salmopunctatus Luiz Rocha/Divulgação Prognathodes obliquus Luiz Rocha/Divulgação Para exemplificar o endemismo insular-provincial, podemos recorrer a peixes como o Malacoctenus lianae e Tosanoides aphrodite, que vivem nas ilhas de São Pedro e São Paulo e Fernando de Noronha — que podem ser encontrados nesses dois arquipélagos, mas têm distribuição restrita ao mesmo local biogeográfico. Malacoctenus lianae Luiz Rocha/Divulgação Tosanoides aphrodite Luiz Rocha/Divulgação O que diz a pesquisa A concentração de espécies endêmicas em uma única região biogeográfica, as tornam extremamente vulneráveis e suscetíveis…
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