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Acadêmica prolífica e fã de MPB: 9 curiosidades sobre a ministra Cármen Lúcia


A ministra Cármen Lúcia, de 70 anos, pode definir o futuro de Jair Bolsonaro e outros cinco acusados de tramar um golpe de Estado contra a democracia brasileira nesta quinta-feira (11). Está previsto que ela comece a proferir o seu voto pela condenação ou absolvição dos réus às 14h durante a reunião da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com quase duas décadas na Corte e fama de posicionamento firme, o seu voto no julgamento de Bolsonaro deve ter peso relevante. Analistas ouvidos pela CNN Brasil apostam que ela se alinhará a Alexandre de Moraes e Flávio Dino, defensores de condenações severas. Com isso, a Primeira Turma formará maioria para condenar o ex-presidente.
Nascida em Montes Claros (MG), a advogada já comandou as duas principais cortes do país e hoje é a única mulher no plenário do STF. Sua trajetória reúne episódios marcantes de simplicidade pessoal, firmeza profissional e protagonismo em julgamentos históricos. A seguir, conheça 9 curiosidades que ajudam a entender quem é a ministra.
1. Do sertão mineiro ao Supremo
Filha de uma família de Montes Claros, no interior de Minas Gerais, Cármen Lúcia construiu sua carreira de forma ascendente e sólida. Graduou-se em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) em 1977, onde também concluiu o seu mestrado em Direito Constitucional.
Em 1983, ela entrou para a Procuradoria do Estado por concurso. Em 2001, foi escolhida por Itamar Franco para chefiar a Procuradoria-Geral de Minas Gerais, cargo em que se destacou pelo rigor técnico. Em 2006, recebeu a indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o STF, coroando uma trajetória iniciada em salas de aula e tribunais mineiros.
2. Pioneira em cargos de comando
Cármen Lúcia foi a segunda mulher a presidir o STF (2016-2018), atrás apenas de Ellen Gracie (2006-2008), e a primeira a chefiar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2012. Nessas funções, liderou cortes em períodos sensíveis: no Supremo, atravessou os anos mais intensos da Operação Lava Jato; e no TSE, conduziu as eleições municipais de 2012.
Em 2024, assumiu novamente o comando da Justiça Eleitoral, em que deve permanecer até 2026, tornando-se a primeira mulher a presidir a instituição duas vezes. O pioneirismo reforça seu papel como referência feminina em um Judiciário historicamente dominado por homens.
Os ministros Alexandre de Moraes e Cármem Lúcia na sessão de julgamento de Bolsonaro e de mais sete réus da trama golpista no STF
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
3. Chefe interina da Presidência da República
Durante sua presidência no STF, entre 2016 e 2018, ocupou interinamente a chefia do Executivo brasileiro em cinco ocasiões, quando o presidente e os seus sucessores imediatos estavam fora do país. Segundo o jornal O Globo, nessas oportunidades, mesmo que por poucas horas, tornou-se chefe de Estado – mais um exemplo de como sua carreira rompeu barreiras de gênero em espaços de poder.
4. Vida sem ostentação
Longe dos holofotes, a ministra mantém um estilo de vida bem discreto. Recusa-se a ostentar os privilégios do cargo e, assim, dirige o próprio carro para o trabalho, dispensa motoristas oficiais e já devolveu mais de R$ 10 mil de diárias não utilizadas em viagem à Bélgica.
Outro exemplo dessa vida sem ostentação se deu durante a posse como presidente do STF, em que pediu que os convidados fossem servidos apenas café e água. Seu comportamento contrasta com a pompa tradicional de cerimônias do Judiciário e lhe rendeu a fama de “antiprivilégios” entre seus colegas.
5. Disciplina e planejamento
A ministra é conhecida pelo ritmo de trabalho intenso. De acordo com o Metrópoles, ela costuma acordar por volta das 5h da manhã para se debruçar sobre os processos antes de iniciar a agenda oficial. Esse perfil produtivo ficou evidente quando deixou a presidência do STF com o menor estoque de processos entre os ministros – apenas 3.275 casos em aberto.
6. Professora e intelectual respeitada
Com mais de 20 anos de docência na PUC-Minas, Cármen Lúcia é também uma acadêmica prolífica. Seu currículo, de 55 páginas, impressiona: sete livros autorais, quatro coletâneas coordenadas, dezenas de artigos publicados e fluência em quatro línguas estrangeiras (francês, italiano, espanhol e alemão). Essa bagagem reforça sua reputação como ministra de perfil técnico, admirada até mesmo por críticos de suas posições jurídicas.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) realiza o quarto dia de julgamento dos réus do Núcleo 1 da trama golpista, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
7. Música como refúgio
Fã de música popular brasileira (MPB), em especial de Caetano Veloso, ela fez questão de convidar o cantor para entoar o Hino Nacional em sua posse na presidência do STF. A ligação com a música mostra um lado mais pessoal e sensível, pouco conhecido fora dos círculos próximos.
8. Religiosa, mas não conservadora
Católica, a ministra mantém em casa imagens de santos, um crucifixo e até um cálice de comunhão. Em momentos importantes de sua trajetória institucional, como a posse no Supremo, ela chegou a convidou padres para participar. Sua fé, no entanto, nunca impediu que adotasse posições progressistas em casos polêmicos, como o direito de interromper a gravidez em fetos anencefálicos.
9. Rigor em decisões históricas
No Supremo, Cármen Lúcia teve papel de destaque em julgamentos que marcaram a sociedade brasileira. Foi voto favorável ao reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar, à constitucionalidade da Lei Maria da Penha e à permissão de aborto em casos de fetos anencefálicos.
Ela também se posicionou pela execução da pena antes do trânsito em julgado, reforçando sua imagem de magistrada rigorosa. Essa postura é esperada novamente hoje, quando votará no processo que envolve Bolsonaro.