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Fogo na Esplanada: banheiros químicos são inflamáveis? Como funcionam?


No fim da manhã desta terça-feira (9), banheiros químicos pegaram fogo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a cerca de 2 km do Supremo Tribunal Federal (STF), onde ocorre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete réus.
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As chamas atingiram cerca de 10 banheiros instalados no gramado em frente ao Museu Nacional, de acordo com o G1. Já o UOL fala em seis banheiros destruídos e, em entrevista com integrantes das forças de segurança, indicou que existem indícios de incêndio criminoso.
O portalTerra informou que uma coluna de fumaça negra foi vista desde a Praça dos Três Poderes, na outra ponta da Esplanada, a partir das 11h30. Por volta de 11h50, o incêndio já havia sido controlado. A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) determinou que a Polícia Civil faça a perícia no local.
Embora ainda não se saiba se criminosos estão por trás do fogo, o acontecimento gera dúvidas sobre se seria possível um incêndio acidental nos banheiros químicos. Essas estruturas apresentam algum risco à segurança? Como elas funcionam? Veja mais informações abaixo:
Funcionamento
O primeiro banheiro químico surgiu em 1940, na Califórnia, Estados Unidos. Segundo a prestadora de serviços de construção civil Sanearte, a ideia veio em uma área de construção de barcos, quando um dos chefes dos operários notou que a equipe perdia muito tempo indo até banheiros fixos. Então, ele encomendou uma cabana de madeira, com um pequeno tanque, para colocar na área.
Atualmente, os banheiros químicos funcionam com uma estrutura desmontável composta por uma cabine de base quadrada de 1,20 metro de lado, cerca de 2,30 metros de altura e 80 quilos. As paredes são normalmente de fibra de vidro ou polietileno, um plástico reciclável, leve e higiênico.
Cada cabine conta com um único assento e um tanque que guarda até 227 litros de resíduos. É lá que ocorre a reação química: um sanitarizante à base de amônia costuma ser misturado com água e desodorizante e colocado ali antes do uso. Essa mistura faz com que as bactérias dos resíduos adormeçam e parem de produzir o gás metano, que gera o fedor.
Também podem ser usados os seguintes produtos químicos nesses banheiros:
Desodorizantes: Produtos como formaldeído ou seus substitutos, utilizados para suprimir odores e decompor a matéria orgânica;
Desinfetantes: Compostos de amônio quaternário ou agentes à base de cloro são usados ​​para matar bactérias e vírus;
Corantes: Alguns banheiros químicos usam corantes coloridos para indicar a presença de agentes desodorizantes e para sinalizar quando a unidade precisa de manutenção;
Surfactantes: São adicionados para melhorar a dispersão e a eficácia dos outros produtos químicos, garantindo que cubram todas as superfícies do banheiro químico.
Em média, um banheiro químico suporta até 200 utilizações antes de precisar ser esvaziado. Em canteiros de obras, por exemplo, esses equipamentos podem permanecer até uma semana sem manutenção, sendo utilizados por cerca de dez trabalhadores em jornadas de 40 horas.
Após a utilização do equipamento, a empresa especializada no serviço de limpeza realiza o esvaziamento do tanque de reservatório, aspirando o conteúdo com um caminhão hidrovácuo. Em seguida, o interior do banheiro químico é completamente lavado com produtos de desinfecção. Finalmente, devem ser reabastecidos os dispensers de álcool em gel, sabonete líquido, papel higiênico e demais produtos de higiene.
É inflamável?
Além do potencial risco à saúde causado pela falta de higiene nesses ambientes de uso coletivo, os banheiros químicos também são suscetíveis a incêndios. Por se tratarem de espaços fechados que armazenam resíduos e produtos químicos, há riscos inerentes de combustão caso não sejam adotadas as devidas medidas de segurança, conforme destaca o site da empresa americana Fresno, especializada no aluguel desse tipo de equipamento.
A maior parte dos banheiros químicos é fabricada em plástico ou em plástico reforçado com fibra de vidro, materiais combustíveis que aumentam o risco de incêndio. Sob altas temperaturas ou contato direto com chamas, o plástico pode derreter e queimar, favorecendo a rápida propagação do fogo. Embora o polietileno de alta densidade (PEAD), usado em muitas estruturas, apresente baixa inflamabilidade, outros tipos de plástico são mais vulneráveis à combustão.
Outro ponto é que os principais riscos de incêndio vêm dos produtos químicos usados na higienização da cabine. Os que apresentam maior inflamabilidade são: amônia, água sanitária, gasolina e querosene. Já o formaldeído oferece um risco médio.
Os produtos químicos não devem, em hipótese alguma, ser expostos ao fogo. Em caso de contato com chamas, podem provocar explosões ou outros danos graves. A amônia, por exemplo, contém altas concentrações de nitrogênio — elemento que libera grande quantidade de energia quando inflamado.
Além disso, banheiros químicos mal ventilados podem acumular gases inflamáveis ​​provenientes da decomposição de resíduos, representando um risco adicional.
Entre as medidas de prevenção para evitar incêndios, estão a manutenção regular para garantir ventilação adequada, evitar fumar perto de banheiros químicos, e usar materiais ou tratamentos resistentes a chamas sempre que possível.