O futuro do turismo já tem CEP e rosto — ainda que metálico. No Japão, onde tradição e tecnologia dividem o espaço com impressionante harmonia, os hotéis operados por robôs deixaram de ser ficção científica para se tornar uma realidade cada vez mais… cotidiana. Sim, robôs fazem parte da equipe, cuidam da sua bagagem, sorriem (programaticamente) no check-in e ainda dançam para seu entretenimento. Bem-vindo ao século XXI e ao Henn na Hotel.
Aberto em 2015 como “o primeiro hotel robô do mundo”, o Henn na prometia revolucionar a indústria hoteleira com um exército de máquinas capazes de atender hóspedes 24 horas por dia, em vários idiomas, com precisão e economia. Na recepção, você era recebido por humanoides com reconhecimento facial. O concierge era um robô com acesso a informações em tempo real. E para completar a experiência, as malas eram levadas por uma espécie de R2D2 japonês sobre rodas.
Mas o sonho futurista teve alguns tropeços. A versão original, 100% automatizada, não funcionou exatamente como o previsto. O assistente de quarto, Churi, por exemplo, ficou famoso por acordar hóspedes durante a madrugada após confundir roncos com comandos de voz. Em 2019, mais da metade dos 243 robôs foi “demitida”, e o hotel adotou um modelo híbrido com humanos de volta aos bastidores.
O robô não deu conta, mas a ideia deu certo
Henn na Hotel
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Apesar dos ajustes, o conceito vingou. Dez anos depois da inauguração, o Henn na Hotel segue firme, com mais de 20 unidades no Japão e uma reputação consolidada. O que mudou? Agora, os robôs dividem funções com humanos e funcionam como um diferencial, não como substituição. Alguns hotéis da rede são comandados por recepcionistas em forma de dinossauro animatrônico (sim, você leu certo), e o novo assistente de quarto, chamado RoBoHoN, já sabe mais de 70 coreografias. Uma mistura de Black Mirror com show da Disney.
O sucesso tem base sólida: diárias acessíveis (em torno de US$100), serviço contactless — que se tornou especialmente desejável durante a pandemia — e uma experiência fora do comum. Afinal, quem não quer fazer check-in com um T-Rex de gravata?
O resto do mundo já está copiando
E são vários tipos de robôs…
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Inspirados pelo Japão, grupos como Marriott, Hilton e IHG começaram a testar robôs próprios, ainda discretos, mais parecidos com mini-garçons sobre rodas do que com androides cinematográficos. Eles entregam toalhas, levam pedidos de comida e até soltam piadas pelo caminho. A ideia, por ora, é automatizar o básico, não substituir o calor humano do concierge.
E tem uma razão para isso: especialistas apontam que robôs humanoides criam uma expectativa impossível — esperamos deles empatia e improviso, algo que nem mesmo nosso colega do lado sempre consegue oferecer. Enquanto isso, os bots fofinhos que parecem saídos de Star Wars cumprem bem seu papel sem assustar ninguém (ou acordar hóspedes por engano).
Se dar de cara com humanoides te assusta, talvez encontrar dinossauros mecânicos no lugar te dê uma sensação mais confortável
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Entre uma dança e um check-in, o futuro já chegou — só não é tão assustador quanto algumas pessoas imaginavam.
Quarto do hotel
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Henn da Hotel
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