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Sabrina e Chappell: afinal, qual é o tempo certo para lançar um novo álbum?

Sabrina e Chapell: afinal, qual é o tempo certo para lançar um novo álbum?

Na última quinta-feira (04), a cantora Sabrina Carpenter concedeu entrevista à Apple Music em uma conversa mediada pelo apresentador Zane Lowe. Na ocasião, a artista participou para falar sobre seu mais novo álbum, Man’s Best Friend. Durante o bate-papo, Sabrina reacendeu um debate recorrente sobre o intervalo de tempo entre lançamentos de álbuns, já que seu novo trabalho chegou apenas um ano depois de Short n’ Sweet.

Sabrina Carpenter foi firme ao responder às críticas relacionadas à produção de discos em um período considerado curto. Com o lançamento de seu sétimo álbum de estúdio, a cantora foi questionada inúmeras vezes sobre os motivos de disponibilizar uma nova obra tão rapidamente após a anterior.

Segundo a cantora, quando artistas lançam álbuns com frequência, surge sempre o questionamento de “por que” estão fazendo isso e de “qual seria o propósito artístico”. Sabrina exemplificou de forma descontraída ao citar sua própria experiência como consumidora de cultura:

“Se os artistas lançam álbuns com frequência, é tipo: ‘Por que eles fizeram isso? Por que estão fazendo arte?’ Eu, por exemplo, não assisti Frozen até uns três anos após o lançamento… Se você não está pronto para ouvir a música, não aperte o play. Ouça em alguns anos, ou ouça quando estiver pronto.”

Esse não é um assunto novo para a artista. Antes mesmo do lançamento de Man’s Best Friend, Sabrina já havia abordado o tema em entrevista a Rolling Stone. Seu posicionamento reforça como mulheres na indústria fonográfica enfrentam um criticismo mais severo quando decidem lançar projetos em sequência. O lançamento de múltiplos trabalhos em pouco tempo é muitas vezes interpretado como um excesso capaz de saturar o público, alimentando a ideia de que a audiência perderia o interesse diante da quantidade. Contudo, essa hipótese nunca foi comprovada na prática.

Vale destacar que esse tipo de cobrança costuma recair principalmente sobre cantoras. Além de Sabrina Carpenter, Ariana Grande também enfrentou esse tipo de reação negativa. A artista foi duramente criticada e acusada de buscar atenção ao divulgar thank u, next (2019) apenas seis meses após Sweetener (2018).

Outro exemplo notável é o de Taylor Swift, que viveu situação semelhante nos últimos anos. As críticas à sua integridade artística começaram a se intensificar depois do lançamento de evermore (2020). Durante a pandemia, Taylor lançou folklore (2020) onze meses após Lover (2019) e, em seguida, evermore, apenas cinco meses depois de seu álbum irmão. Com a sequência de relançamentos de sua discografia, a cantora passou a disponibilizar praticamente um projeto por ano desde 2019. Essa constância gerou irritação em parte da mídia e críticas à sua onipresença. É importante lembrar, no entanto, que após evermore o próximo disco inédito só viria em 2022 com Midnights, seguido de The Tortured Poets Department (2024) e The Life of a Showgirl (2025).

O outro lado da moeda de Sabrina Carpenter: as críticas à demora de lançamentos

Se lançar trabalhos em sequência se torna um problema para artistas femininas, o que acontece quando elas decidem demorar para disponibilizar um novo projeto? Para ilustrar esse cenário, vale revisitar a entrevista concedida por Chappell Roan à revista Vogue no início de agosto. Na ocasião, mesmo destacando que havia lançado singles de forma recorrente, a cantora admitiu que ainda não havia começado a desenvolver seu segundo álbum de estúdio.

De acordo com Chappell Roan, a ausência de um novo projeto não significa falta de trabalho, mas sim respeito ao seu próprio processo criativo. Ela explicou:

“Não existe um segundo projeto ainda. Não existe um álbum. Nem mesmo uma coleção de músicas. Levei cinco anos para escrever meu primeiro álbum, e provavelmente vou levar pelo menos mais cinco para escrever o próximo.”

Apesar da sinceridade, suas falas foram interpretadas por parte do público como sinal de arrogância. Críticos virtuais alegaram que um intervalo tão longo faria com que as pessoas se esquecessem de suas composições, o que tornaria sua trajetória desinteressante. A declaração também aumentou a pressão por um novo projeto, ampliando o desgaste enfrentado pela artista.

Esse tipo de cobrança é tão recorrente quanto as críticas direcionadas a cantoras que lançam vários álbuns. Um dos exemplos mais emblemáticos é o de Rihanna. Entre 2005 e 2012, a cantora lançou álbuns praticamente todos os anos (com exceção de 2008). Porém, após Unapologetic (2012), ela demorou quatro anos para divulgar ANTI (2016). Durante esse intervalo, foi constantemente questionada sobre o próximo trabalho, uma pressão que ainda persiste, já que já se passaram nove anos desde seu último lançamento de estúdio.

Cardi B também passou por experiência semelhante. Em diversas entrevistas, a rapper afirmou que preferiu esperar até se sentir realmente conectada a um projeto antes de divulgá-lo, ao invés de lançar algo apenas por obrigação. Seu primeiro álbum, Invasion of Privacy, chegou em 2018, mas o segundo, Am I the Drama?, só será lançado em 2025, após um hiato de sete anos sem lançamentos. Nesse período, a artista foi alvo de críticas pela divulgação de singles avulsos e de ataques à sua credibilidade artística.

Diante de tantos exemplos, fica a questão: qual seria o intervalo “perfeito” para que uma artista feminina lance um novo álbum? Essa comparação evidencia a disparidade existente entre homens e mulheres na indústria musical e como, para elas, qualquer escolha pode ser questionada. Ao mesmo tempo, expõe a exigência desproporcional de excelência imposta às cantoras, que veem sua artisticidade constantemente colocada em xeque, independentemente da decisão tomada sobre quando lançar um novo projeto.